Dino defende Moraes após ameaças dos EUA e manda recado à embaixada

Alexandre de Moraes e Flávio Dino, ministros do STF. Foto: Rosinei Coutinho/STF

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou a postura do governo dos Estados Unidos após postagens com ameaças ao colega Alexandre de Moraes e a seus “aliados”. As declarações de Dino foram uma resposta à manifestação da gestão de Donald Trump, que afirmou pela embaixada do país no Brasil “monitorar de perto” os atos de Moraes.

Em nota publicada nas redes sociais, o ministro destacou que “não se inclui nas atribuições da embaixada de nenhum país estrangeiro ‘avisar’ ou ‘monitorar’ o que um magistrado do Supremo Tribunal Federal, ou de qualquer outro Tribunal brasileiro, deve fazer”.

A reação do magistrado ocorre em meio à escalada de tensão diplomática provocada por medidas tomadas por Washington contra Moraes. O magistrado foi incluído pelo governo estadunidense na lista de sancionados pela Lei Magnitsky, sob acusação de censurar cidadãos, inclusive estadunidenses, e de supostamente perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A decisão foi amplamente divulgada pela Casa Branca e acompanhada de críticas diretas à atuação do ministro, o que irritou autoridades brasileiras.

A postagem com o aviso de “monitoramento” foi publicada originalmente pelo Departamento de Estado e, em seguida, traduzida e repostada pela Embaixada dos EUA no Brasil. Dino considerou a iniciativa uma afronta à soberania nacional e pediu moderação nas relações bilaterais.

“Respeito à soberania nacional, moderação, bom senso e boa educação são requisitos fundamentais na Diplomacia. Espero que volte a imperar o diálogo e as relações amistosas entre Nações historicamente parceiras nos planos comercial, cultural e institucional. É o melhor para todos”, afirmou o ministro.

EUA voltam a ameaçar Moraes e “aliados no Judiciário e em outras esferas”

Outras respostas

O Itamaraty também reagiu com firmeza. Nesta sexta-feira (8), o encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, foi convocado pela terceira vez desde o início da crise para prestar esclarecimentos.

Como Washington não nomeou embaixador para o Brasil, Escobar é atualmente a autoridade máxima da representação diplomática no país. O encontro foi conduzido pelo embaixador Flávio Goldman, secretário interno de Europa e América do Norte do Ministério das Relações Exteriores.

Segundo o Metrópoles, Goldman deixou claro o descontentamento do governo brasileiro com a publicação feita pela embaixada, afirmando que o Brasil recebeu o conteúdo com “pura indignação”. A convocação reforça o tom adotado pelo Planalto e pelo STF diante do que classificam como uma tentativa de ingerência nos assuntos internos do Judiciário brasileiro.

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