O Território Indígena do Jaraguá, localizado na Zona Norte de São Paulo, promoveu neste sábado (7) a 12ª edição do Dia da Beleza Indígena, evento que celebra a cultura, tradições e diversidade dos povos originários da região. A celebração reuniu artesanato, danças, comidas típicas, coral, feira de artes, demonstrações de arco e flecha, pintura corporal e um aguardado desfile com vestimentas tradicionais.
Pela primeira vez, a organização do evento ficou a cargo da juventude do território, em uma clara demonstração de renovação e continuidade das tradições. O tema deste ano, “Arapyau”, que na cultura guarani significa “Renovação” ou “Ano Novo”, refletiu esse novo ciclo.
Jaci Martins, fundadora do projeto Beleza Indígena, elogiou o protagonismo dos jovens. “Quando comecei esse evento, eles eram muito pequenos. Eram minhas cobaias na pintura, na demonstração de argila e plantas medicinais. Ver esses jovens liderando é a confirmação de que plantei uma semente importante: a de resistir dentro de São Paulo”, afirmou.
Gabriel Wera, agente de saúde e um dos organizadores, destacou a relevância do tema. “Fizemos isso para mostrar o tempo novo, o que são as coisas novas para nós e o que precisamos fazer para proteger a floresta. O não-indígena só vê a riqueza de derrubar e construir”, explicou.
Um dos momentos mais aguardados foi o desfile com vestimentas tradicionais, confeccionadas pelos próprios participantes. Ciara Martins, modelo indígena e organizadora, descreveu a importância da atividade. “O desfile é muito especial. Aqui no território temos oito aldeias, e cada uma delas participa com entusiasmo. Cada vestimenta é feita pela própria pessoa que vai desfilar”, disse.
Nesta edição, algumas vestimentas trouxeram mensagens de protesto, reforçando a resistência dos povos indígenas. Frases como “S.O.S Guarani Kaiowá” e “São Paulo é Terra Indígena” estamparam as roupas, chamando atenção para a luta pelos direitos indígenas.
Criado em 2013, o Dia da Beleza Indígena tem como objetivo principal quebrar os estereótipos associados às comunidades indígenas, valorizando a rica herança cultural e promovendo o diálogo com a sociedade não-indígena. O evento segue como um marco de resistência e renovação cultural em meio à urbanização da cidade de São Paulo.
Conheça as redes sociais do DCM:
⚪Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line