
Caio Marchetti Minniti, um paulista que se mudou para os Estados Unidos em 2003, viveu de perto as transformações econômicas e políticas do país ao longo dos anos. Originalmente, com um diploma de Engenharia pela Universidade Mackenzie e ex-aluno do Colégio Dante Alighieri, ele chegou a Miami com perspectivas de uma carreira promissora.
Mas, após 22 anos morando no país, ele questiona se sua escolha de migrar foi realmente a melhor decisão, considerando as dificuldades enfrentadas, principalmente sob o governo de Donald Trump. Quando Caio chegou aos Estados Unidos, a economia estava em ascensão. No entanto, nos últimos anos, ele observa uma mudança significativa na política econômica.
O aumento das tarifas sobre produtos importados, por exemplo, afetou negativamente a economia americana e o turismo. “Essas tarifas estão mexendo com toda a economia americana e provavelmente vão afetar o turismo por aqui”, comenta Caio, que observa um declínio no movimento no porto e aeroporto de Miami.
Além dos desafios econômicos, a política de imigração adotada por Trump também deixou Caio e outros imigrantes preocupados. Desde a implementação de uma linha mais rígida no trato com imigrantes sem antecedentes criminais, muitas pessoas, incluindo aquelas com green card, começaram a temer a possibilidade de deportação.
“Eles estão pegando qualquer um, basicamente”, desabafa Caio, refletindo o pânico crescente entre a comunidade imigrante, especialmente quando se trata da crescente repressão contra imigrantes em situação irregular.
A imposição de tarifas, o endurecimento da repressão contra imigrantes e as consequências da política de Trump geraram um impacto direto no turismo em Miami.

O número de turistas canadenses, que tradicionalmente são um dos maiores fluxos de visitantes para a Flórida, caiu significativamente devido ao aumento do sentimento nacionalista no Canadá, que responde à política externa de Trump. Isso, segundo Caio, contribui para o esfriamento da economia e para a redução das oportunidades de trabalho.
Com as mudanças nas políticas econômicas, Caio percebeu uma diminuição nos rendimentos de seu trabalho como motorista de Uber. O valor das corridas caiu de US$ 250 para entre US$ 100 e US$ 150 por dia, tornando o trabalho menos lucrativo e sustentável.
As altas tarifas de gasolina, os custos de financiamento e o seguro aumentaram ainda mais a pressão sobre suas finanças, levando-o a reconsiderar seu futuro nos Estados Unidos. Com o desgaste emocional e econômico vivido em solo americano, Caio começa a planejar seu retorno ao Brasil.
Embora sua mudança não seja simples, devido à sua vida construída nos EUA, ele admite que o Brasil, apesar dos desafios, representa uma alternativa viável diante das dificuldades que enfrenta na atual administração. Para ele, o custo de vida nos Estados Unidos e a instabilidade econômica criaram um cenário onde os benefícios da migração se tornaram menos evidentes.
Em uma análise profunda sobre sua experiência de 22 anos nos EUA, Caio revela um misto de arrependimento e reflexão. Ele questiona se, ao escolher migrar, poderia ter aproveitado melhor as oportunidades no Brasil. “Talvez eu tenha desperdiçado oportunidades e 22 anos da minha vida morando aqui”, confessa.
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