Uma pesquisa recém-publicada pelo professor Gabriel Laporta, da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), apontou que o desmatamento da Amazônia Legal em 50% expõe a população local ao maior risco de infecção de malária.

“Na pesquisa detectamos que o maior risco de transmissão de malária ocorre quando há uma proporção de 50% de mata nativa próxima a locais de moradia, assentamentos ou núcleos populacionais. O risco também é alto quando a vegetação é fragmentada, permitindo maior contato de vetores que estão na floresta com humanos. Por outro lado, ele diminui se o desmatamento é completo, porque o ambiente fica inóspito para o vetor, ou quando a floresta é restaurada para níveis acima de 70%, mostrando a importância da conservação e da restauração”, diz o biólogo.

Além do desmatamento, o avanço da malária está relacionado ainda a mudança nos tipos de mosquitos prevalentes, perda de biodiversidade, avanço de grandes projetos de infraestrutura que modificam paisagens naturais, além de mineração e urbanização.

O quadro fica ainda pior graças ao impacto das mudanças climáticas, que causam o aumento das temperaturas, chuvas e secas. A combinação de tais fatores cria condições favoráveis à proliferação do mosquito transmissor.

Além da recuperação da vegetação, o estudo aponta ainda sistemas de vigilância em saúde, atenção a populações mais vulneráveis e respostas rápidas a desastres naturais como medidas para enfrentar epidemias de malária.

“As questões ambientais e de saúde pública parecem distantes, mas estão muito conectadas. Uma das formas de intervenção em áreas como as que estudamos seria promover iniciativas sustentáveis que ofereçam renda para os moradores. A floresta conservada tem produtos com valor, mas eles tendem a ser menos lucrativos do que abrir terras para pastagens ou uso agrícola. O pagamento por serviços ecossistêmicos, por meio do mercado de carbono, por exemplo, pode ser uma alternativa. Uma conferência como a COP30, que reúne governantes e tomadores de decisão, pode ser uma oportunidade para discutir como iremos substituir o modus operandi de hoje”, comenta Laporta.

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, a Amazônia Legal concentra 138 mil dos 142 mil casos registrados em todo o país no ano passado.

O Brasil, no entanto, tem o compromisso de reduzir para menos de 14 mil o número de casos registrados no país até 2030 e erradicar a doença até 2035.

*Com informações da Agência Fapesp.

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Last Update: 21/08/2025