Mitologia, caos & ignorância
por Izaías Almada
Embora algumas conquistas e acertos do atual governo tenham beneficiado os menos favorecidos da escala social e algumas alianças discutíveis com a burguesia brasileira, o início da caminhada para as eleições municipais de outubro abre as cortinas para um período eleitoral conturbado.
Em São Paulo, fica claro que nem tudo que reluz é ouro e os mesmos arruaceiros do fatídico 08 de janeiro do ano passado continuam na sua intenção de criar o caos e uma vez mais agredirem a nossa democracia.
As eleições norte-americanas, o genocídio em Gaza, a perspectiva de uma reação violenta de alguns países árabes contra o Estado de Israel, a guerra em câmera lenta na Ucrânia, a hostilidade contra a Venezuela pelo resultado de sua recente eleição presidencial, criam um clima de dúvidas e incertezas para os próximos meses.
Tamanho é o desconhecimento da formação histórica, econômica, social e cultural do Brasil que, em época de eleições, muitos dos candidatos dizem o que “lhes dá na telha”, pois sabem que essa ignorância e esse desconhecimento não é compartilhado só entre eleitores, mas também entre os próprios candidatos.
Vejam o que diz o candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos: “Esta eleição, que está sendo questionada por quase todos os governos do mundo, inclusive o brasileiro, é outra história. Há indícios fortes de fraude na eleição da Venezuela”…
Verdade, senhor Boulos? Quais são as provas que o senhor tem desse fato? Poderia enumerá-las publicamente?
O que parece estar acontecendo, tenho escrito em vários artigos, é que finalmente o Brasil está saindo do armário e demonstrando sua face fascista para o mundo.
Do mesmo bueiro que saiu o inelegível, sai agora para a eleição à prefeitura da capital paulista um desses seres semelhante aos famosos monstros dos filmes hollywoodianos de terror, que ninguém sabe de onde veio e muito menos para onde vai…
Pobre democracia brasileira!
Oooops! Eu disse democracia? Desculpem, foi um ato falho.
Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.