O mercado de trabalho do chamado Norte Global é aquele que menos gera lucros para a economia internacional, apesar de sua mão-de-obra e horas trabalhadas serem significativas, mas são justamente eles que mais recebem pelo trabalho gerado na comparação com os profissionais da mesma qualificação nos países em desenvolvimento.
“Embora os trabalhadores do Norte contribuam com apenas 10% da mão de obra que impulsiona a economia mundial, eles recebem 79% da renda global”, afirma o artigo Unequal Exchange of Labour in the World Economy.
A pesquisa mostra que o Norte contribuiu com uma pequena parte do trabalho em todos os níveis de qualificação: 24% de todo o trabalho altamente qualificado, 9% do trabalho de qualificação média e 4% do trabalho de qualificação baixa. Apenas no ano de 2021, 0,9 trilhões de horas de trabalho foram destinadas à produção de bens comercializados internacionalmente.
De acordo com a pesquisa, a contribuição relativa Norte-Sul para a produção de bens comercializados é semelhante à da produção total, com o Norte contribuindo com 9% de todo o trabalho (27% de todo o trabalho altamente qualificado, 7% do trabalho de qualificação média e 3% do trabalho de qualificação baixa).
Norte Global aumenta contribuição ao longo dos anos
A pesquisa toma como base o período entre 1995 e 2021, e destaca que a contribuição do Norte para a produção global total aumentou de forma constante ao longo do período de análise em todas as categorias de qualificação.
Segundo os dados, o maior aumento ocorreu na categoria de alta qualificação, com a contribuição do Norte para a produção mais qualificada aumentando de 34% do total mundial em 1995 (2,2x menos que o Sul) para 24% em 2021 (3,2x menos que o Sul).
“Na verdade, o Norte agora contribui com menos mão de obra altamente qualificada para a economia mundial (971 bilhões de horas em 2021) do que todas as contribuições de mão de obra altamente qualificada, média e baixa do Sul global combinadas (1124 bilhões de horas em 2021)”, diz o estudo.
O Norte Global também contribui com uma pequena parte da mão de obra em todos os setores agregados, incluindo agricultura (1%), mineração (1%), manufatura (7%), serviços (20%) e ‘outros’ (11%).
Embora contribua com 9-10% do trabalho total que vai para a produção global e a produção de bens comercializados em 2021, incluindo uma pequena parte do trabalho altamente qualificado, o Norte global recebeu mais da metade (56%) da renda global, e os trabalhadores do Norte receberam 79% da renda global naquele ano.
“Em outras palavras, enquanto a produção global é predominantemente realizada no Sul global, os rendimentos são desproporcionalmente capturados no Norte global, indicando um comando desproporcional do produto global”.
Leia abaixo a íntegra do artigo publicado na revista Nature.