Wagner Gomes
O governo Lula preparava-se para um grand finale para sua gestão atual, enquanto o mercado, desiludido, fingia acreditar em promessas vazias. O que parecia um enredo de ação eletrizante revelou uma narrativa nada convincente, com a trama se desdobrando em um drama preocupante. É triste constatar que o filme “Ainda estou aqui” se tornou uma metáfora pertinente para a sobrevida dos fantasmas que nos assombram. A economia global agravou ainda mais essa situação, especialmente após o recente endurecimento da política monetária do FED, forçando os países emergentes a buscar medidas de proteção para suas moedas. Em meio a essa tempestade, o ministro Flávio Dino azedou o cenário ao decidir suspender R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares, enfatizando a “degradação institucional” na utilização de recursos públicos. Sua ação ocorreu somente após a aprovação de um pacote de corte de gastos, levantando questões sobre a autenticidade de suas motivações. A impressão que fica é que esse movimento pode ser mais um jogo político do que realmente uma defesa de princípios éticos. É bem possível que Flávio Dino tenta romper com a moralidade obsoleta que permeia o sistema de crenças do Congresso, mas o Brasil, neste processo, permanece sem um verdadeiro norte econômico. Se a governança atual é algum indicativo, o país caminha para um 2025 catastrófico. A miséria, refletida na combinação de inflação e desemprego, já tem previsões sombrias para o novo ano. Com o dólar acima de R$ 6, projeta-se que chegue a R$ 7 ou até R$ 8 em breve. A curva de juros aponta Selic acima de 16% ao final de 2025. A economia está em estado anestésico permanente e as opções do governo são limitadas, limitantes e perigosas. Caso tente conter o desemprego mantendo uma política fiscal expansionista, o mercado reagirá com mais desconfiança, alimentando a inflação e desvalorizando a moeda. A dívida pública, já insuportável, torna o país ainda mais vulnerável. Culpabilizar “o mercado” ou “a Faria Lima”, figuras abstratas, amorfas e sem rosto, não oferece soluções. É apenas cômodo, pois ninguém ali é exatamente inocente, embora esteja em seu papel. Como este governo, altamente personalista, depende essencialmente da liderança firme e ações concretas do presidente, é aí que mora o perigo! Há uma percepção de que o jogo virou para pior. A conjuntura brasileira reflete a falta de visão estratégica e coragem política. Sem reformas estruturais que equilibrem responsabilidade fiscal e proteção social, o país continuará refém de narrativas inconsistentes e medidas paliativas que apenas prolongam a crise. O fundo do poço está chegando e, ao que parece, por lá não tem mola.