
O segundo mandato do presidente Donald Trump, iniciado em 20 de janeiro de 2025, vem sendo marcado por instabilidade, rejeição popular e medidas polêmicas que têm alimentado uma crescente onda de resistência em diversos setores da sociedade americana.
Considerado tradicionalmente um “período de lua de mel” para presidentes recém-empossados, os primeiros 100 dias de Trump foram definidos por especialistas como um desastre político, econômico e institucional.
Uma pesquisa do New York Times/Siena College, realizada entre os dias 21 e 24 de abril, revelou que 59% dos americanos classificam Trump como “assustador” no cargo, enquanto 66% o consideram “caótico”. Já um levantamento da ABC aponta que a aprovação do presidente caiu para 39%, o índice mais baixo em 80 anos para esse estágio do mandato, com uma desaprovação de 55%.
Durante a campanha de 2024, Trump prometeu controlar a inflação “desde o primeiro dia” e revitalizar o setor manufatureiro. No entanto, nenhuma medida concreta foi implementada para conter a alta dos preços. Em vez disso, o presidente lançou uma guerra tarifária que vem provocando insegurança econômica e retração nos mercados.
Trump aumentou em 10% as tarifas sobre todos os produtos importados e chegou a aplicar taxas de 145% sobre itens chineses, em um movimento classificado por analistas como um “embargo virtual”. A bolsa de valores americana caiu 10% em abril, pior desempenho mensal desde 1932, enquanto o dólar se desvalorizou e as taxas de juros subiram.
Segundo a mesma pesquisa do ‘New York Times’, apenas 43% aprovam a gestão econômica de Trump, contra 55% que desaprovam.
Na área da imigração, Trump também não conseguiu cumprir sua promessa de deportar milhões de imigrantes indocumentados. Diversas medidas foram barradas por decisões judiciais, incluindo a tentativa de deportar estudantes internacionais pró-palestinos e a aplicação da antiquada Lei dos Inimigos Estrangeiros de 1796.

Um dos casos mais emblemáticos é o de Kilmar Abrego Garcia, imigrante salvadorenho deportado por engano e enviado para um centro de confinamento em El Salvador, apesar de ser casado com uma cidadã americana e pai de três filhos nascidos nos EUA.
A Suprema Corte ordenou sua repatriação imediata, mas o governo ainda não cumpriu a decisão, agravando a crise institucional. De acordo com as pesquisas, 53% dos americanos desaprovam a política migratória de Trump.
Os primeiros meses do mandato também viram o surgimento de novos polos de resistência. Universidades como Harvard, junto a mais de 400 instituições de ensino superior, protestaram contra tentativas do governo de interferir na educação.
Grandes escritórios de advocacia também se recusaram a ceder à pressão da Casa Branca para não defender imigrantes considerados “inimigos” do Estado. Além disso, manifestações em massa ocorreram em todo o país em 19 de abril, com milhões de pessoas exigindo o respeito ao devido processo legal e criticando duramente as políticas de Trump.
Apesar do apoio majoritário do Partido Republicano, fissuras começam a aparecer. Onze congressistas da legenda assinaram uma carta criticando as políticas tarifárias.
Com uma maioria apertada de apenas três deputados na Câmara, o governo enfrenta dificuldades para aprovar propostas como o corte de impostos para os mais ricos — promessa feita por Trump a seus apoiadores bilionários.
Com a proximidade das eleições legislativas de meio de mandato (midterms) em 2026, o cenário político se mostra incerto. O descontentamento popular, aliado aos riscos de recessão e às crises migratória e institucional, pode ser determinante para a retomada do controle do Congresso por parte dos democratas.
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