As crescentes preocupações com as políticas econômicas impostas por Donald Trump nos Estados Unidos têm abalado a confiança dos investidores no país, o que se reflete na alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano.
O rendimento dos títulos do Tesouro de dez anos saltou para 4,6% em menos de um mês e, apenas no mês de maio, a taxa dos Títulos do Tesouro de 30 anos subiu 30 pontos-base, ultrapassando brevemente 5%.
Em artigo publicado no site Project Syndicate, a economista Dambisa Moyo lista quatro fatores-chave que estão impulsionando os rendimentos dos títulos norte-americanos: “enfraquecimento da credibilidade governamental de longo prazo; crescentes dúvidas sobre a eficácia das políticas atuais dos EUA; aprofundamento da incerteza política interna e internacional; e volatilidade do mercado alimentada pelo sentimento”.
Segundo a articulista, o aumento dos rendimentos dos títulos está diretamente relacionado com “uma profunda perda de confiança na formulação de políticas econômicas dos EUA (e isso em um momento em que apenas 41% dos americanos confiam em seu governo)”.
Cálculos do Escritório de Orçamento do Congresso projetam que os gastos deficitários atingirão US$ 1,9 trilhão em 2024-25 – o terceiro maior da história americana.
O déficit federal anual já ultrapassa 6% do PIB, bem acima da média de 3,8% dos últimos 50 anos, e deve permanecer elevado até 2035. Ao mesmo tempo, a dívida federal bruta deve aumentar de 123% para 135% do PIB na próxima década.
“A recente decisão da Moody’s de rebaixar a dívida soberana dos EUA de AAA para Aa1 ressalta esses desafios fiscais estruturais e reconhece que, embora improvável, a possibilidade de um calote americano não pode ser descartada”, alerta a economista.
O aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro pode repercutir nos mercados financeiros e na economia real, elevando os custos de empréstimos para famílias e empresas, desestimulando investimentos e reformulando as decisões de portfólio. Segundo Dambisa Moyo, “as perspectivas não são nada animadoras”.