O jornalista, crítico e professor Carlos Alberto descreveu o quadro “A Redenção de Cam”, do espanhol Modesto Brocos, como uma das pinturas mais preconceituosas da Escola Brasileira. Na tela, uma senhora negra dá graças porque o neto, filho de um imigrante europeu, também é branco.
Apesar de polêmica, o quadro talvez seja uma das melhores representações genéticas do país, de acordo com o projeto DNA do Brasil, que mapeia o genoma dos brasileiros entre 35 e 74 anos.
De acordo com a pesquisadora Maria Helena, do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da Universidade de São Paulo (USP), há poucos cromossomos Y de ancestralidade indígena, o que indica que a herança genética por parte dos pais é predominantemente europeia.
Em relação ao DNA mitocondrial, herdado da mãe, o levantamento aponta equilíbrio: um terço é europeu, um terço é africano e um terço é indígena.
“Isso é uma cicatriz de uma colonização, de um povo dominante sobre povos dominados”, resume a pesquisadora.
O estudo sobre as variações genéticas encontradas no Brasil constatou ainda uma mistura de DNAs africanos em solo brasileiro não encontrados na África, fazendo do país um dos povos mais miscigenados do mundo.
Ao mapear os genomas brasileiros, Maria Helena e sua equipe almejam trazer conclusões sobre a biologia humana do povo brasileiro, a fim de prevenir doenças, e investigar a identidade do brasileiro, para entender melhor a evolução ao longo dos séculos.
*Com informações do DW Brasil.
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