Familiares de Ana Luiza Silva, uma das 62 vítimas da tragédia aérea em Vinhedo, no interior de São Paulo, expressaram indignação e pediram justiça pela morte da médica de 34 anos. O avião, que partiu de Cascavel (PR) e tinha como destino o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, caiu na tarde de sexta-feira (9).
A mãe de Ana Luiza, Maria Silva, fez um apelo em frente ao Instituto Médico Legal (IML) da capital paulista, desafiando a ideia de que o acidente foi uma mera “fatalidade”. Ela declarou: “Não foi Deus que tirou a minha filha, foi o descaso.” Acompanhada pelo tio da médica, João, e pela irmã, Beatriz.
Ana Luiza, uma médica geriatra que estava se especializando em oncologia, ia participar de um congresso em Curitiba e havia sido realocada para o voo da Latam. A mãe ainda desconhece as razões dessa mudança de última hora. “Eu vi minha filha queimando ao vivo na televisão. O avião pegando fogo e minha filha lá dentro. Gente, não tem pecado maior para uma mãe,” lamentou Maria.
A família planeja formar uma associação com outros parentes das vítimas para buscar responsabilização de todos os envolvidos no acidente, incluindo a companhia aérea, órgãos de fiscalização e apoio, como a ANAC e o Ministério Público.
⏯️ “Minha filha foi vítima de ganância”, desabafa mãe de passageira morta
Na porta do IML, Maria Silva, mãe de Ana Luiza Silva, passageira do voo da VoePass, falou sobre a dor de perder a filha no acidente
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— Metrópoles (@Metropoles) August 11, 2024
O tio da médica, emocionado, pediu orações e destacou que Ana Luiza era dedicada ao cuidado das pessoas. A irmã Beatriz questionou a integridade da aeronave e os procedimentos de segurança: “Por que não evitaram o acidente de acontecer? Não foi um acaso, não foi um raio que caiu. Esse avião não tinha condição de voar. Não sabiam que tinha uma tempestade, que tinha gelo pela frente?”
Beatriz também expressou sua frustração por não poder velar o corpo da irmã e agradeceu as homenagens recebidas, mas sublinhou que “queríamos minha irmã viva”. Ela relatou que outros familiares das vítimas estão “transtornados”, alguns com dificuldades para falar.
Os familiares têm recebido apoio no auditório do Instituto Oscar Freire, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, próximo ao IML. Eles estão colaborando com as autoridades, fornecendo características físicas, exames médicos, odontológicos e material genético.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) está conduzindo a investigação e prometeu um relatório preliminar em 30 dias. As caixas-pretas, que contêm gravações de voz e dados do voo, foram recuperadas e serão analisadas por técnicos em Brasília.