O movimento de Open Data tem ganhado espaço globalmente, promovendo o acesso livre e transparente a dados públicos. No Brasil, essa iniciativa avança, mas ainda enfrenta desafios para se consolidar como ferramenta estratégica para governos, empresas e a sociedade.
Segundo Fernando Nunes, cofundador e CEO da Transfeera, “os dados abertos permitem maior transparência e eficiência nos serviços públicos, além de impulsionarem a inovação no setor privado”.
Os dados abertos devem ser disponibilizados em formatos que possibilitem análise e reutilização sem restrições legais ou técnicas. Quando bem implementado, esse modelo melhora a relação entre governo e cidadãos. Além disso, ele estimula a criação de novas soluções tecnológicas.
O cenário do Open Data no Brasil
No país, o Open Data ganhou força em 2012 com a criação do Portal Brasileiro de Dados Abertos. A iniciativa permite acesso a informações sobre orçamento, saúde, educação e segurança pública.
Em 2016, o Decreto nº 8.777 estabeleceu normas para abertura de dados governamentais, reforçando o compromisso com a transparência. No entanto, para que essa cultura se consolide, é necessário um maior engajamento tanto do setor público quanto do setor privado.
A falta de padronização e qualidade dos dados continua sendo um dos principais entraves para a ampliação dessa prática.
Os principais desafios do Open Data
Apesar dos avanços, ainda há obstáculos que dificultam a expansão dos dados abertos no Brasil. Entre os principais desafios estão:
- Falta de padronização e atualização: muitos conjuntos de dados não seguem um formato unificado. Isso dificulta sua utilização por empresas e desenvolvedores.
- Segurança e privacidade: com a implementação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), surgem preocupações sobre o uso responsável dessas informações. É essencial evitar vazamentos e garantir a proteção dos cidadãos.
- Capacitação profissional: para extrair valor dos dados abertos, é essencial formar especialistas em análise e interpretação de informações. Dessa forma, o uso eficiente dessas bases pode impulsionar inovação e tomada de decisões.
Open Data e Open Finance: novas oportunidades
No setor financeiro, o Open Data se conecta ao Open Finance, uma iniciativa que amplia o compartilhamento seguro de dados bancários entre instituições financeiras.
O Banco Central iniciou a implementação do Open Banking em 2021, expandindo posteriormente para o Open Finance. Agora, além das contas bancárias, o modelo abrange investimentos, seguros e outros serviços financeiros.
Segundo dados do Banco Central, cerca de 50 milhões de brasileiros já utilizam serviços vinculados ao Open Banking. Esse modelo visa aumentar a concorrência e oferecer melhores produtos financeiros aos consumidores.
Fernando Nunes destaca que “a integração entre Open Data e Open Finance cria novas oportunidades para fintechs e empresas de tecnologia, promovendo inclusão financeira e serviços mais acessíveis”.
Perspectivas para o futuro
A combinação de Open Data com iniciativas como o Open Finance pode transformar diversos setores da economia brasileira. A abertura de dados estimula a criação de novas soluções e amplia a transparência, beneficiando tanto consumidores quanto empresas.
No entanto, para que o Brasil aproveite todo o potencial dessa tendência, é necessário um esforço conjunto entre governo, setor privado e sociedade. O investimento em padronização, segurança e capacitação será essencial para garantir que os dados abertos sejam utilizados de forma eficiente e sustentável.