O procurador-geral da República, João Gomes, tem mantido uma postura prudente em investigações significativas, incluindo as que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto tenta dissipar pressões e manter seus posicionamentos pessoais. Com informações do Globo.
Com pouco mais de seis meses no cargo, Gomes apresenta divergências com outros atores políticos em Brasília, seja em casos ligados ao governo anterior, aos atos da Lava-Jato ou à administração atual.
Conforme a Polícia Federal (PF) avança nas investigações sensíveis, cresce a expectativa sobre a atuação do PGR. Gomes, no entanto, tem assegurado a interlocutores que não terá pressa e evitará agir com “açodamentos”. Para sua equipe, os prazos de 15 dias para temas críticos são considerados desafiadores devido à complexidade dos casos.
Além das investigações sobre Bolsonaro, como o suposto esquema de negociação ilegal de joias recebidas da ditadura saudita, falsificação de certificados de vacinas de Covid-19, e os escândalos da “Abin paralela”, Gomes terá que se manifestar no próximo semestre sobre um caso que pode afetar diretamente o governo Lula.
Em junho, a PF indiciou Juscelino Filho, ministro das Comunicações do governo Lula, por suspeita de uso indevido de recursos públicos. O presidente Lula afirmou que, se Juscelino for denunciado, ele poderá ser afastado do cargo.
Essa possível denúncia está sendo tratada com seriedade dentro da PGR, onde são avaliadas as consequências políticas da medida. Entretanto, interlocutores da PGR afirmam que, se houver evidências de irregularidades, a lei será rigorosamente aplicada.
Buscando equilíbrio e tempo para formar suas convicções, Gomes tem avançado em investigações, como as denúncias relacionadas ao assassinato de Marielle Franco e uma acusação contra a deputada federal Carla Zambelli por falsidade ideológica e invasão a sistemas da Justiça.
Interlocutores próximos a Gomes destacam que suas ações precisam ser suficientemente técnicas para manter a credibilidade do Ministério Público, especialmente após os quatro anos de gestão de Augusto Aras, que foram marcados por críticas de alinhamento e leniência com Bolsonaro, sobretudo na gestão da crise da Covid-19.
Vale destacar também que o ponto de maior alinhamento entre a PGR e o STF tem sido na condução das denúncias dos atos terroristas de 8 de janeiro. Até o momento, as acusações da PGR resultaram em 226 condenações.