Derivados do milho sem transgênico são destaque do PR na V Feira Nacional da Reforma Agrária

Foto: Juliana Barbosa 

Por Isabela Cunha
Da Página do MST

Fubá, farinha de milho biju, canjiquinha, xerém e uma boa polenta com frango caipira! Neste final de semana, entre os dias 8 e 11 de maio, a cidade de São Paulo vai receber a V Feira Nacional da Reforma Agrária, e, entre os alimentos comercializados pelas famílias camponesas de todo o Brasil, o público vai poder conhecer os derivados de milho não transgênico produzidos no assentamento Eli Vive, no interior do Paraná.

Produzido de maneira cooperada pelas famílias assentadas da região, o milho da Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon) é cultivado em um dos maiores assentamentos do Brasil e é uma opção saudável diante do milho transgênico e não orgânico produzido em larga escala pelo agronegócio no país. A produção vem embalada com o selo Campo Vivo (marca que reúne diversos produtos dos assentamentos da região) e reflete a preocupação das famílias em oferecer à sociedade uma opção de milho saudável, saboroso e que se encaminha para uma produção cem por cento agroecológica.

 “A comunidade do Eli Vive já tinha uma experiência na produção do milho crioulo. A partir disso, decidimos pela produção do milho não transgênico, por uma preocupação com a saúde das pessoas, com as questões alimentares e buscando a qualidade dos nossos produtos”, explica Fábio Herdt, agricultor assentado no Eli Vive e presidente da Copacon. Segundo ele, além da qualidade do alimento, a opção pelo milho não transgênico também faz parte do compromisso coletivo da comunidade com a transição para a produção de milho sem veneno. 

Foto: Juliana Barbosa 

“Hoje, 90% dos insumos utilizados na produção do nosso milho são biológicos; esse é um primeiro passo para gente fazer a transição para a agroecologia, e com o milho transgênico esse cultivo não é possível”, afirma o presidente. Segundo Herdt, o valor nutricional, o sabor e a qualidade alcançada com o milho não transgênico elevaram a capacidade de venda e a aceitação dos produtos Campo Vivo no mercado. “Hoje, nós produzimos o fubá, farinha de milho biju, canjiquinha, xerém, além de feijão preto e feijão carioca. A nossa produção é de 10 toneladas de alimentos por dia, e eles vão para os mercados convencionais e para a alimentação escolar”, comenta. Para ele, é uma demonstração do que a Reforma Agrária pode fazer pelo país.

Polenta livre de transgênico ao molho de frango caipira 

Com o milho produzido nos lotes das famílias e beneficiado na agroindústria cooperada, e também com feijão preto e carioca, a Copacon vai à Feira Nacional com dois caminhões de produtos e com alta expectativa. “No ano passado, nós comercializamos tudo o que levamos, e também houve muita venda que fizemos depois, para o mercado convencional, de pessoas que entraram em contato conosco a partir da feira”, explica Fábio.

Foto: Arquivo MST

Além de levar os derivados de milho não transgênico para casa, o público da 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária também vai poder experimentar ali mesmo, no Parque da Água Branca, um pouquinho desse sabor camponês. No espaço da Culinária da Terra, a comunidade do Eli Vive deve servir dois pratos: a costelinha de porco com mandioca e salada e a polenta com frango caipira, com opção de molho vegano, produzida a partir do fubá da Copacon.

“Todos os alimentos da nossa cozinha são produzidos no próprio assentamento, e só para a polenta serão mais de 100 quilos de fubá da nossa própria cooperativa”, explica Sandra Ferrer. Para a agricultora, assentada no Eli Vive e uma das responsáveis pela cozinha, servir o prato na Feira Nacional é motivo de orgulho e carrega uma grande simbologia, “é  muito mais do que simplesmente servir uma polenta com frango, porque é uma polenta que vem de um processo de muita luta, de um fubá que não é qualquer fubá, mas que traz o nosso projeto de vida e de sociedade”, reflete.

Sobre o assentamento Eli Vive e a agroindústria Copacon 

Criado em 2009, o assentamento Eli Vive reúne 501 famílias e cerca de três mil moradores. É a maior área de Reforma Agrária em uma região metropolitana do Brasil, com 7.500 hectares. Desde o início da comunidade, ainda na fase de acampamento, as famílias produzem para o autossustento e para a comercialização. Parte dos lotes já conquistou certificação de produção orgânica e agroecológica, um projeto em crescimento na comunidade.

A Copacon foi criada pelas famílias assentadas para otimizar a produção e a comercialização dos alimentos ainda no período do acampamento. Atualmente, cerca de 430 famílias estão associadas à cooperativa. Além da renda gerada para os produtores e as produtoras, mais de 20 trabalhadores assentados e filhos de assentados são funcionários da Copacon.

Para Sandra Ferrer, todo o processo de produção até o resultado final demonstra a potência do projeto da Reforma Agrária Popular e a força do MST. “Dentro da feira, a gente vai poder mostrar a nossa luta, uma luta para divulgar o nosso projeto. Através desse prato e desses produtos, a gente pode mostrar para a sociedade, de verdade, o quanto é possível produzir comida de verdade e alimentar esse país”, conclui.

*Editado por Fernanda Alcântara

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