Deputado italiano Angelo Bonelli. Foto: Reprodução

O deputado italiano Angelo Bonelli foi o responsável por informar às autoridades da Itália o paradeiro de Carla Zambelli, presa em Roma no dia 29 de julho por ordem da Interpol. Filiado ao Partido Verde Europeu, Bonelli já havia atuado contra a concessão de refúgio à deputada brasileira e também foi um dos primeiros a pedir, em 2023, que o ex-presidente Jair Bolsonaro não recebesse cidadania italiana. A atuação do parlamentar foi decisiva para o avanço do processo de extradição da bolsonarista.

Nos documentos apresentados, Bonelli detalhou os crimes atribuídos a Zambelli, como a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com o objetivo de inserir documentos falsos, incluindo um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. Ele também relembrou o episódio em que a deputada sacou uma arma em via pública, nos Jardins, bairro nobre de São Paulo. O deputado sugeriu ainda mudanças na legislação italiana para que condenados por tentativa de golpe ou crimes contra a democracia percam a cidadania italiana.

Zambelli foi condenada em maio pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão em regime fechado. A Corte também determinou a perda de seu mandato e a inelegibilidade, com base na Lei da Ficha Limpa. Segundo o relator Alexandre de Moraes, o hacker Walter Delgatti inseriu 16 documentos falsos no sistema do CNJ sob orientação direta de Zambelli, que acessou um desses arquivos segundos após sua criação.

Em sua atuação parlamentar, Bonelli foi além do caso de Zambelli. Em 2023, ele alertou a Câmara italiana sobre os riscos de conceder cidadania ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos. Ele mencionou os processos em andamento contra a família Bolsonaro no Brasil e classificou os atos de 8 de janeiro como atos terroristas que deveriam impedir qualquer acolhimento por parte da Itália.

A inclusão de Zambelli na lista vermelha da Interpol resultou na sua captura em um apartamento na capital italiana. Com isso, ela passou a ser considerada foragida procurada em 196 países. Agora, o governo italiano tem até 48 horas para decidir se mantém a prisão, concede liberdade provisória ou autoriza a extradição da parlamentar para o Brasil.

A mobilização internacional, impulsionada pela atuação de Bonelli, reforçou os vínculos diplomáticos entre Brasil e Itália no cumprimento do tratado bilateral de extradição. O caso também evidenciou a articulação de lideranças europeias contra a presença de políticos brasileiros condenados por crimes graves em solo estrangeiro

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Last Update: 29/07/2025