O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Foto: Reprodução

O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) entregou uma carta escrita à mão ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em que pede “perdão” por ataques. Em 2020, o parlamentar participou de duas lives nas redes e chamou o magistrado de “lixo”, “canalha”, “vergonha”, “esgoto” e “déspota”.

Segundo a coluna de Malu Gaspar no jornal O Globo, o deputado, que é ex-bolsonarista, entregou a carta com a retratação pessoalmente a Moraes e conversou com o ministro por cerca de 15 minutos em seu gabinete na Corte.

Na época dos ataques, o deputado era vice-líder do governo Jair Bolsonaro e foi alvo de decisões de Moraes, como a quebra de seu sigilo bancário. Ele também se revoltou com a proibição de que o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio de usar as redes sociais.

Otoni foi acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de cometer difamação, injúria e coação no curso do processo e, em 2023, o STF aceitou a denúncia, tornando-o réu. O julgamento ainda não tem data para acontecer.

Na carta, Otoni afirma ter se sentido “tomado de forte emoção” ao saber da decisão judicial e que reagiu por impulso. “Naquele momento, vi minha honra como político, pastor e chefe de família sendo exposta à opinião pública… acabei me dirigindo a Vossa Excelência com um nível de desrespeito que me envergonho hoje”, escreveu.

Otoni de Paula e Jair Bolsonaro, então presidente, em 2019. Foto: Reprodução

O deputado ainda citou sua vida religiosa para reforçar que está arrependido. “Sou pastor há mais de 30 anos das Assembleias de Deus… tal comportamento e vocabulário ofensivo são inaceitáveis pela Igreja, mas fui vencido pelo destempero e seduzido por aquele momento de ataque às instituições”, prosseguiu.

O ex-bolsonarista diz que sabe que o caso pode fazê-lo perder o mandato e acabar com sua carreira política. Por isso, pede para que o ministro não o faça “viver essa vergonha diante dos filhos e da Igreja”.

“Tenho plena consciência do erro… O ministro foi muito gentil. Acredito que houve o encontro de dois seres humanos que entenderam que, debaixo de tensões, a gente pode cometer erros”, disse Otoni após o encontro com Moraes.

O parlamentar diz que Moraes sinalizou a possibilidade da criação deu m acordo de não persecução penal e prometeu que só faria críticas ao magistrado no campo institucional. “Disse ao ministro que continuaria me posicionando contra decisões que não concordo… mas sem ataques pessoais”, acrescentou.

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Last Update: 19/06/2025