Deputado do Novo sugere que próxima trama golpista mate adversários: “O recado que fica”

Gilson Marques, deputado do Novo. Foto: reprodução

O deputado federal Gilson Marques (Novo-SC), que lançou sua pré-candidatura para o Senado em 2026, adotou como estratégia o absurdo para ter o nome em pauta. Em publicação nos stories do Instagram, o parlamentar sugeriu que tentativas de golpe de Estado devam matar adversários, uma vez que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está prestes a ser condenado pelo crime ainda que, efetivamente, não tenha cometido o crime hediondo.

Um seguidor do bolsonarista perguntou: “Na sua opinião, podemos concluir que Bolsonaro errou em ser tão passível com o STF? [SIC]”. No contexto que a pessoa usou para questionar o deputado, o certo seria usar o termo “passivo”, considerando que o ex-presidente teria aceitado as determinações da Corte sem tomar medidas em sua defesa.

Marques respondeu: “Não sei. Tudo caminha para um réu de 70 anos ser condenado a 40 anos de reclusão. Na prática, uma prisão perpétua por um golpe que não ocorreu. O recado que fica é: na próxima, faça o golpe mesmo, mate adversários, pois se não fizer nada disso será punido igual. É um péssimo precedente”.

A fala do parlamentar sugere que os próximos golpistas matem os opositores, como o clã Bolsonaro tentou contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Lula (PT) e o vice Geraldo Alckmin (PSB).

Aliado do bolsonarismo, Gilson defendeu que será um ministro que “enfrenta” o Supremo, Corte apontada pela extrema-direita como “arbitrária e ditatorial”. “O Brasil precisa de senadores que enfrentem os abusos do STF, a roubalheira, e defendam a liberdade. Eu estou disposto a encarar essa batalha”, destacou o parlamentar.

Uma das estratégias da extrema-direita é ampliar seu número de cadeiras no Senado para prosseguir com os pedidos de impeachment de ministros da Corte, como Alexandre de Moraes e Flávio Dino. O projeto foi frustrado por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente da casa.

A publicação foi feita após a Primeira Turma do STF iniciar, na última terça-feira (2), o julgamento da ação penal contra Bolsonaro e outros sete réus acusados de participação na trama golpista de 2022. O grupo é acusado de cinco crimes, dos quais dois estão previstos em uma lei sancionada pelo próprio Bolsonaro em 2021, voltada a punir ataques contra a democracia.

A denúncia contra o ex-presidente foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em fevereiro e reforçada em julho, quando o Ministério Público voltou a defender sua condenação. Bolsonaro é acusado de “abolição violenta do Estado Democrático de Direito” e de “golpe de Estado”.

Estes crimes foram incluídos no Código Penal pela Lei nº 14.197/2021, sancionada pelo então presidente. A norma criou um novo capítulo sobre “crimes contra as instituições democráticas”, substituindo a antiga Lei de Segurança Nacional, herdada da ditadura militar. A mudança atendeu a uma demanda do Congresso Nacional após a escalada de ataques às instituições durante o governo Bolsonaro.

Na época, Bolsonaro também assinou a lei junto com ex-ministros que hoje figuram como réus no mesmo processo, como Augusto Heleno, Walter Braga Netto e Anderson Torres. Damares Alves, também ministra à época, endossou a legislação, mas não é acusada neste caso.

A norma recebeu vetos parciais de Bolsonaro. Ele barrou, por exemplo, o artigo que previa punição para “comunicação enganosa em massa”, conhecido como propagação de fake news, que estipulava penas de 1 a 5 anos de prisão para quem promovesse ou financiasse campanhas de desinformação capazes de comprometer eleições.

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