O programa TVGGN 20H da última segunda-feira (6) contou com a participação da deputada federal Erika Kokay para falar sobre o projeto de tornar Eunice Paiva, advogada e símbolo da luta contra a ditadura no Brasil uma heroína nacional.
No último domingo, a atriz Fernanda Torres ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama por dar vida à trajetória de Eunice na luta pelo reconhecimento da morte do marido, o deputado Rubens Paiva, assassinado pela ditadura militar em 1971.
“É muito importante que nós possamos trabalhar na perspectiva do resgate cultural da nossa própria história. Então, portanto, resgatar a história significa que nós possamos mergulhar no período para conhecer esse período, para que ele nunca mais ocorra.
Eu penso que todas as vezes que você não lida com os traumas de um país ou com os nossos traumas, ele vai aparecer. Se você não trata, não sublima um trauma, ele retorna, e retorna com muita fúria”, comenta a deputada federal.
Por isso, Erika defende a inclusão de Eunice no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria, a fim de homenagear sua luta por Justiça, pela defesa da dignidade humana e também por resistir à ditadura militar.
“Temos de resgatar a nossa própria história e definir os nossos heróis e as nossas heroínas, aqueles e aquelas que enfrentaram o período e queriam silenciar, e resgatar a luta das pessoas que buscam sair dessa, eu diria, sina antígona, que foi proibida de sepultar os seus entes queridos”, continua a entrevistada.
Ao longo do programa, Erika Kokay ressaltou ainda a importância daqueles que, até hoje, trabalham para resgatar a memória daqueles que foram executados pelo regime militar, para que possamos nos libertar dos traumas deixados pelos governos autoritários.
“Como não se faz o luto dos períodos traumáticos, a gente vai conviver com pedaços desses períodos ou, então, com o sentido desses períodos na nossa própria contemporaneidade. Eu diria, repetindo o que foi dito por Ulisses Guimarães, a sociedade foi Rubens Paiva e não os facínoras que os mataram. Eu diria, a sociedade é Eunice Paiva, com a sua luta na perspectiva de que nós tivéssemos justiça, que é uma justiça a ser perseguida”, emenda.
8 de janeiro
Na próxima quarta-feira (8), o atentado golpista que depredou as sedes dos Três Poderes completa dois anos com o sentimento de repulsa. De acordo com a pesquisa Quaest, que constatou que 86% dos brasileiros desaprovam as invasões a Brasília.
Para a deputada, as investigações da Polícia Federal demonstraram o processo de enfrentamento construído nos subterrâneos do Palácio do Planalto e que os bolsonaristas não conseguem conviver com a democracia, na tentativa de anular o outro.
Consequentemente, a população se colocou contra o golpe e se aproximou de alternativas.
“Acho que essas últimas eleições já mostraram um certo distanciamento do que seria a extrema-direita, com seus métodos nitidamente bárbaros, ou de uma barbárie profunda, e ao mesmo tempo mostra que o país conseguiu resistir a todas essas tentativas”, observa.
Ainda assim, a parlamentar se posiciona contra a proposta de anistia para os condenados de 8 de janeiro, em discussão na Câmara. “É preciso que nós tenhamos uma nitidez muito grande de que a anistia não pode passar, ela não pode ter o aval do Poder Legislativo. Eles dizem que a anistia pacifica o Brasil. Quem é que está falando em pacificação? É quem tentou organizar, por exemplo, um caminhão cheio de explosivos, ou que tentou depredar as sedes dos Três Poderes”, conclui.
Confira a entrevista completa na TVGGN:
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