Tel Aviv acusa o Hamas de usar a cidade como base para lançar ataques. Os confrontos também ocorreram em Tal al-Hawa, no sul da cidade de Gaza, e em Sabra, no oeste.

Milhares de panfletos foram lançados sobre a cidade de Gaza na quarta-feira 10, exortando “todos os presentes” a saírem da localidade. Uma vasta operação israelense iniciada em 27 de junho em Shujaiya, no setor oriental desta cidade – totalmente devastada –, foi encerrada.

O exército israelense anunciou que os militares “completaram a sua missão”, o que permitiu o desmantelamento de “oito túneis” e a eliminação de “dezenas de terroristas”, bem como a destruição de “bases de combate e edifícios com armadilhas”, segundo um comunicado de imprensa.

A ofensiva em Shujaiya foi estendida na segunda-feira 8 aos distritos do centro da cidade de Gaza. O exército apelou para os entre 300 mil e 350 mil residentes para evacuarem a cidade, por meio de corredores de segurança.

Os panfletos alertaram que a localidade continuava sendo “uma zona de combate perigosa”. Em janeiro, o exército havia anunciado ter “concluído o desmantelamento da estrutura militar” do Hamas no município.

O porta-voz da Defesa Civil, Mahmud Bassal, afirmou que Shujaiya se tornou “uma cidade fantasma”. As novas instruções “só vão agravar o sofrimento em massa das famílias palestinas, muitas das quais foram deslocadas várias vezes”, reagiu Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres.

Deslocamentos de civis se repetem

Os últimos combates em Gaza provocaram o deslocamento de 350 mil civis, segundo Philippe Lazzarini, diretor da UNRWA, que afirmou, antes da última chamada de evacuação, que “não há nenhum espaço seguro” no território palestino.

Um Nimr Al Amal fugiu de Gaza com a família. “É a 12ª vez. Quantas vezes ainda teremos que aguentar? Mil? Onde vamos parar? Não tenho mais energia, não consigo mais”, queixou-se.

Os combates também aumentaram no sul do território, onde tanques israelenses entraram no centro de Rafah, segundo testemunhas. Intensos disparos também ocorreram nesta cidade na fronteira com o Egito, onde o Exército executa uma ofensiva terrestre desde 7 de maio.

Retomada de negociações diplomáticas

Depois de meses de esforços diplomáticos sem resultados, novas discussões recomeçaram no Catar, mediador do conflito ao lado dos Estados Unidos e o Egito, para tentar avançar na possibilidade de um cessar-fogo e da libertação dos reféns raptados durante o ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro.

Os diretores-gerais do Mossad, David Barnea, e o da CIA, William Burns, chegaram a Doha na quarta-feira. Israel e o grupo Hamas divergem sobre como alcançar uma trégua. O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, reuniu-se em Jerusalém com o coordenador da Casa Branca para o Oriente Médio, Brett McGurk.

Netanyahu reiterou seu compromisso com um acordo de cessar-fogo “desde que as linhas vermelhas de Israel sejam respeitadas”. O premiê assegurou em diversas ocasiões que não vai encerrar a guerra antes da destruição do Hamas e da libertação de todos os reféns.

O funcionário do alto escalão do Hamas Hossam Badran disse à AFP que a intensificação do que chamou de “massacres” israelenses em Gaza reforça as exigências do movimento islamista.

“Pedimos a todo Israel que se una a nós para pressionar, para lembrar a Netanyahu […] que ele deve assinar um acordo, trazê-los [os reféns] de volta e pôr fim a esta terrível guerra”, declarou Ayala Metzger, nora de Yoram Metzger, falecido aos 80 anos enquanto estava em cativeiro, e cujo corpo ainda está em Gaza.

O conflito começou em 7 de outubro, quando comandos islamistas mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais israelenses. O exército israelense calcula que 116 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 42 que estariam mortas.

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Last Update: 11/07/2024