Braço de financiamento da Nova Indústria Brasil (NIB), o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vem trabalhando pesadamente nas cinco missões definidas pelo Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio, como explica José Luiz Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do banco.
Uma das apostas têm sido na atração de centros de pesquisas de grandes multinacionais. O banco reservou uma linha de financiamento de R$ 2 bilhões, com um conjunto de pré-condições.
- Podem ser empresas de qualquer setor, mas a prioridade é dada para áreas estratégicas, como tecnologia, saúde, energia, agronegócio.
- A empresa precisa apresentar um projeto de pesquisa detalhado, explicando a natureza da pesquisa, objetivos, e como ajudará no desenvolvimento da tecnologia no país.
- O BNDES avaliará o nível de inovação tecnológica, de geração de emprego – importante! – de integração com o ecossistema local (como universidades e outras iniciativas de inovação).
- Os recursos servirão para financiar a compra de equipamentos e tecnologias nacionais.
Recentemente foi anunciado a transferência para o país de centros de pesquisa da Bosch, para agronegócio.
Essa transferência se irradia de várias formas. Primeiro, fixa o centro de P&D aqui, ou seja, fixa pesquisadores, mestres, doutores, empregos qualificados. Em vez de fuga de cérebros, o país passa a atrair cérebros. A tecnologia será desenvolvida no Brasil, gerando emprego aqui. O centro desenvolverá fornecedores brasileiros. E o ecossistema formado abrirá espaço para novas indústrias e novos desenvolvimentos.
“Estive recentemente no Japão e em outros países. Dizemos a elas: se vocês vierem para o Brasil, terão financiamento. Temos linhas incentivadas, como a de inovação e também o Fundo Clima, que se fortaleceu no governo do presidente Lula”, explica Gordon. “Hoje, a gente vê que começa a haver demanda brasileira. Isso estimula o investimento. Junta-se a demanda do PAC, da Nova Indústria Brasil, e o financiamento do BNDES: esse conjunto cria um ambiente diferenciado”.
Até agora, manifestaram interesse empresas japonesas, norte-americanas e alemãs, todas analisando as vantagens estratégicas do país: energia limpa, canal aberto com os EUA e com a China, e possibilidade de montagem rápida de uma rede de fornecedores.
Paralelamente, estão sendo abertos editais para estimular a inovação em empresas nacionais. Em muitos casos, empresas resolveram abrir a tesouraria e deslocar investimentos financeiros para novos projetos, co-financiados pelo banco.
Uma das apostas do banco é na na cadeia de baterias — uma agenda estratégica – valendo-se da abundância de terras raras no país.
O setor mais promissor tem sido a da cadeia de saúde. O mais bem-sucedido programa de política industrial do país permitiu a transferência de tecnologia em cima da base inicial de genéricos. Agora, o setor passou a desenvolver pesquisas e inovação. Em 2024, o banco destinou R$ 3,5 bilhões para insumos e também utensílios de saúde de ponta.
Ponto central dessa estratégia do banco é a integração com centros de pesquisa, universidades e institutos de pesquisa. Para tanto, tem trabalhado estreitamente com a Finep (Financiadora de Estudos e Pesquisas).
Outro programa integrado é o da Inteligência Artificial, que tem envolvido quase uma dezena de ministérios.
Saliente-se que o BNDES foi um dos grandes alvos da Lava Jato – mostrando o caráter fundamentalmente ideológico da operação -, apesar de um histórico de governança e de transparência.
Felizmente, conseguiu preservar seu corpo técnico para o grande desafio de preparar a nova etapa da industrialização brasileira.
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