O general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, prestou depoimento sobre a trama golpista ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda (19) e tentou passar pano para o almirante Garnier, ex-chefe da Marinha. A oitiva foi comandada pelo ministro Alexandre de Moraes e acompanhada pelos demais ministros da Primeira Turma. Segundo magistrados, Freire Gomes tentou amenizar a situação do aliado, mas confirmou episódios graves que fazem parte da elaboração da trama golpista. Ele citou, por exemplo, que ocorreram reuniões para debater diferentes minutas que previam uma ruptura institucional. “O general confirmou que a minuta foi apresentada várias vezes –e que ela foi lida na frente de Bolsonaro. O documento, ele também confirmou, previa até a prisão de integrante do Supremo, o que nem a ditadura de 1964 ousou fazer”, afirmou um ministro sob anonimato ao Blog da Daniela Lima no g1. O mesmo membro da Corte relembra a ditadura militar e afirma que os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro pretendiam antecipar algumas medidas autoritárias. “Na ditadura, só foram cassar 3 ministros do STF em 16 de janeiro de 1969, depois do AI-5. Cassar. E ali já estavam consolidados no poder”, prosseguiu. Para os ministros que acompanharam a oitiva, Freire Gomes se apequenou e sua avaliação piorou. Até então, a Corte acreditava que havia certo legalismo por parte dos antigos comandantes das Forças Armadas. “A impressão é que só não aderiram ao golpe por dois motivos: 1) viram despreparo e desespero na liderança do Bolsonaro; e 2) perceberam que o Judiciário iria resistir até o fim e que precisariam prender ou matar ministros”, acrescentou o magistrado.

Outra oitiva que chamou atenção dos ministros foi a de um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que disse ter recebido uma ordem direta para bloquear o acesso de eleitores do Nordeste às urnas no segundo turno das eleições de 2022. Na ocasião, a corporação promoveu uma série de blitze na região, onde a maioria votou no presidente Lula no primeiro turno. Segundo o agente, o então diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, determinou que os policiais tomassem “um lado”. A avaliação geral de ministros é que o saldo do primeiro dia de depoimentos foi processualmente prejudicial para Bolsonaro e os demais réus da trama golpista. ” target=”_blank” rel=”noopener”>https://www.threads.net/@dcm_on_line