Enquanto tentava protagonismo sob as luzes do trumpismo nos Estados Unidos, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) parece ter cruzado uma linha perigosa, e talvez definitiva. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acreditou que seu sobrenome e seu mandato lhe confeririam imunidade. Mas ao admitir, em público, que buscou intervenção de autoridades norte-americanas contra o Supremo Tribunal Federal (STF), pode ter selado o próprio destino jurídico.
A avaliação é do criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Em entrevista ao programa TV GGN 20 Horas, nesta segunda-feira (27), o advogado analisou o avanço da investigação contra o deputado e foi enfático: a denúncia é inevitável e deve avançar com uma celeridade incomum, dada a clareza dos fatos.
Confissão pública de crime
Kakay relatou que já havia alertado há mais de 40 dias sobre os riscos jurídicos que o deputado corria. O alerta surgiu depois que Eduardo declarou, com naturalidade, estar em contato com membros do governo Trump para agir contra o ministro Alexandre de Moraes, relator de casos envolvendo a família Bolsonaro, incluindo a tentativa de golpe de Estado em 2022.
“Ele confessou, quase com orgulho, um crime gravíssimo. É inacreditável. Parece que não têm advogados. Eles mesmos produzem as provas contra si“, criticou Kakay.
A fala do deputado motivou o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, a protocolar uma representação criminal junto a Procuradoria-Geral da República (PGR). O procurador-geral Paulo Gonet acolheu o pedido e encaminhou a investigação ao STF. Eduardo é acusado de crimes como obstrução de justiça, coação no curso do processo e atentado às liberdades democráticas.
Denúncia rápida
De acordo com Kakay, o caso é “excepcionalmente direto”. As provas são públicas, explícitas e vêm da própria boca do investigado. “É um inquérito fácil, objetivo. A denúncia sairá porque está tudo muito óbvio”, disse o criminalista. Para ele, o Ministério Público deve apresentar denúncia formal em curto prazo, com possibilidade de condenação.
A situação, segundo o advogado, é semelhante à do ex-presidente Bolsonaro e de generais acusados de tramarem um golpe de Estado. “Assim como o pai pode pegar 30 anos de prisão até setembro, o filho agora abre caminho para também ser julgado por crimes gravíssimos.”
Trumpismo como escudo imaginário
No centro da estratégia desastrosa está a tentativa de Eduardo de se proteger politicamente sob o guarda-chuva ideológico de Donald Trump. Segundo Kakay, essa aproximação reflete mais ignorância jurídica do que esperteza política. “Eles acham que, por estarem sob a proteção de Trump, podem falar o que quiserem. Não têm noção das consequências jurídicas.”
Essa articulação internacional estaria relacionada, segundo ele, à resistência da extrema-direita à atuação do STF, especialmente em pautas como a regulação das redes sociais e o combate à desinformação. “Eduardo representa um trumpismo à brasileira, tentando conter o avanço do Judiciário sobre temas sensíveis aos interesses da extrema-direita”, pontuou.
Prisão familiar: um novo capítulo na política brasileira?
Kakay encerrou sua análise com um alerta: o risco de um cenário inédito de “prisão familiar” envolvendo os Bolsonaro. Com Jair e Eduardo sob investigação por crimes graves, o jurista afirma que as imprudências cometidas pela dupla desenham um quadro sombrio.
“Estão criando, com as próprias mãos, um destino judicial gravíssimo. É uma sucessão de imprudências que beira o teratológico”, concluiu.
Assista a entrevista na íntegra:
Nota da redação: Este texto, especificamente, foi desenvolvido parcialmente com auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial na transcrição e resumo das entrevistas. A equipe de jornalistas do Jornal GGN segue responsável pelas pautas, produção, apuração, entrevistas e revisão de conteúdo publicado, para garantir a curadoria, lisura e veracidade das informações.