Somente nos primeiros meses de 2024, a dengue causou um prejuízo estimado de US$ 5 bilhões ao Brasil, o equivalente a R$ 28 bilhões, de acordo com um estudo publicado na revista Science. Este valor inclui gastos públicos e privados de saúde, como consultas e internações, além de reflexos econômicos como faltas ao trabalho e perda de produtividade.
O estudo visa chamar a atenção para a necessidade urgente de medidas de prevenção contra a dengue. Neste ano, foram registrados 6,37 milhões de casos prováveis de dengue, o maior número da história. Em comparação, o recorde anterior, em 2023, foi de 1,65 milhão de notificações. O número de mortes confirmadas pela doença neste ano é de 4.714, com mais 2.351 óbitos ainda sob investigação.
Para estimar os prejuízos econômicos, os pesquisadores analisaram os casos de dengue e dados de internação fornecidos pelo Ministério da Saúde e cruzaram essas informações com dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). João Paulo Burini, professor de fisiologia e epidemiologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), um dos autores do estudo, explicou como a doença afeta a economia.
“Quando um empregado adoece, é necessário substituí-lo, e se ele exerce uma função específica, outro funcionário precisa ser treinado. Tudo isso gera custos adicionais”, afirmou João Paulo ao Metrópoles.
Além de Burini, o estudo foi assinado por Rodrigo Vancini, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e Marilia Andrade, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O pesquisador destacou que os maiores impactos econômicos vêm dos gastos com saúde. De janeiro a maio de 2024, o DataSUS registrou 109.167 internações por dengue, sendo 54,6 mil (50%) somente na região Sudeste, a mais populosa do país.
A disponibilidade da vacina contra a dengue na rede pública deve reduzir os casos da doença nos próximos anos. “Com o surgimento da vacina, ganha-se um aspecto de prevenção. A vacina é segura, foi testada, e há indicação de que o governo brasileiro consiga, no futuro próximo, possibilitar que toda a população tenha acesso a ela”, comentou.
Segundo o Ministério da Saúde, foram adquiridas 6,5 milhões de doses da vacina contra a dengue, com a expectativa de vacinar 3,2 milhões de pessoas. As áreas prioritárias são aquelas com alta transmissibilidade da doença.