O entrevero ocorrido nesta semana entre Marina Silva e alguns senadores deu grande repercussão. A ministra não perdeu tempo em se utilizar do episódio para procurar disfarçar sua política de boicotar o desenvolvimento nacional, articulando-se com o imperialismo para impor entraves à exploração do petróleo na Margem Equatorial.

Um setor da esquerda não parece enxergar esse problema e acaba se deixando levar pelo terrorismo ecológico praticado por Maria Silva e encomendado diretamente de Washington. Essa política serve somente aos interesses do imperialismo, que não quer que o Brasil explore mais petróleo e tenha um desenvolvimento de sua economia.

Representando esse setor, o articulista Jeferson Miola escreveu um artigo para o sítio Brasil 247 com o título O Brasil arcaico, racista, escravocrata, misógino e patriarcal que agrediu Marina, na qual ele não poupa críticas ao Congresso e ao Senado pelo episódio. Miola cita a “baixíssima credibilidade do Congresso Nacional” diante da população, a qual teria sido mostrada em pesquisa recente, que teria revelado que cerca de 82% não confia no Senado ou na Câmara dos Deputados.

Contumaz apoiador da ditadura do Judiciário dentro da esquerda, Miola procura atacar o Congresso por suas tentativas de manter o mínimo de autonomia e dignidade diante de um STF cada vez mais autoritário, que atribuiu a si a função de legislar no lugar dos deputados. Para o autor esquerdista, um erro do Congresso teria sido quando os “deputados assinaram requerimento para a votação em caráter de urgência do Projeto da Impunidade dos golpistas para livrar da cadeia Bolsonaro e comparsas civis e fardados, dentre eles ex-comandantes das Forças Armadas e ex-integrantes do Alto Comando do Exército”. Com isso, propagandeia a perigosa farsa de que as manifestações de direita do 8 de Janeiro teriam sido uma tentativa de golpe de Estado e que toda a perseguição promovida pelo Judiciário, contra pobres coitados (manicures, entregadores de pizza, donas de casa que “vandalizam” estátuas com batom) seria justificada e deveria se aprofundar.

O articulista também critica a Câmara por ter aprovado “uma resolução para trancar no STF o julgamento dos co-réus de Alexandre Ramagem na ação penal da trama golpista”, o que foi perfeitamente legal e constitucional, ao contrário das estripulias jurídicas do STF (depoimentos com ameaças, omissão de provas à defesa do réu, perseguição política promovida e operada pelo juiz do caso, etc.).

Por fim, para demonstrar que está encantado com uma política conservadora e anti-democrática, o articulista critica o fato de os deputados criarem 18 novos mandatos na Câmara, totalizando em 531 o número de deputados no Congresso, contra os atuais 513. Para o autor, a manobra dos deputados teria sido porque houve “perda de vagas dos estados em consequência do censo demográfico”, uma posição reveladora de seu real apreço pelo regime democrático pleno.

Em um País com as dimensões colossais do Brasil, uma das tarefas de uma reforma política séria seria acabar com a sub representação e aumentar dramaticamente o número de parlamentares. Finalmente, o Legislativo é o mais democrático dos poderes, e a representação popular é melhor quanto maior o número de deputados.

Todas essas críticas, no entanto, foram apenas um prelúdio para que Miola tratasse do mais recente embate ocorrido no âmbito legislativo. Desta vez no Senado, onde a ministra do Meio Ambiente Marina Silva esteve para participar de uma audiência com a Comissão de Infraestrutura, para discutir um golpe: a criação de áreas de conservação marítima justamente na região Norte do País, no local exato em que a Petrobrás pretende fazer a extração do petróleo da Margem Equatorial.

Durante a audiência, o senador do PSDB, Plínio Valério (AM), afirmou “Ministra Marina, que bom reencontrá-la. E ao olhar para a senhora, eu estou vendo uma ministra. Não estou falando com uma mulher. Porque a mulher merece respeito, a ministra não. Por isso que eu quero separar”. Aproveitando-se da colocação, Marina Silva fez um teatro e exigiu que houvesse um pedido de desculpas por parte do senador, caso contrário ela iria se retirar da audiência, o que ela fez prontamente.

Isso é muito diferente do que diz Jeferson Miola, ao afirmar que “os covardes se deram mal, pois se depararam com uma mulher guerreira, imbuída do espírito dos animais e dos povos originários da Floresta, secularmente acostumados a resistir a agressores, predadores e facínoras”. Deixando a péssima literatura de lado, o que a deusa da floresta fez foi fugir do debate, sem ter coragem de apresentar suas verdadeiras posições, o que, finalmente, se deve ao fato óbvio e reconhecido pela ministra de que são muito impopulares para serem colocadas em público.

Miola classificou que os senadores estavam “agindo como uma horda assassina com ânsia de dizimar toda e qualquer forma de civilidade e dignidade humana”. Segundo o articulista, “o que se viu foi uma brutalidade horrorosa, com a prática de violência política de gênero descrita nos manuais de misoginia”.

O exagero esquerdista e identitário do jornalista tem como função acobertar o verdadeiro problema que está por trás do embate entre senadores e Marina Silva. A pressão nacional para a exploração do petróleo é tão grande que até setores da direita acabam se vendo colocados na situação para fazer com que isso aconteça.

Fiel e dedicada às ordens das ONGs imperialistas que a financiam, Marina Silva procura evitar que o País dê esse importante passo em direção ao seu desenvolvimento econômico, pois vai contra os interesses de seus patrões verdadeiros. Curiosamente, Miola se vê indignado a ponto de questionar “que Congresso é esse, que protege parlamentares homofóbicos, transfóbicos, agressores de mulheres, homicidas, corruptos, golpistas e desbravadores da natureza”, mas não menciona que o próprio Senado – incluindo nisso até os senadores do PT, todos – acaba de votar o dia da amizade entre Brasil e “Israel”, o que parece não lhe causar nenhuma indignação.

Todas as críticas que ele faz ao Congresso em seu texto (“preserva privilégios tributários, favores fiscais e regalias a empresas e igrejas fundamentalistas (…)”) não são nada perto do gigantesco desserviço prestado pela ministra do Meio Ambiente ao País.

O chilique de Marina Silva não deveria impressionar ninguém. A esquerda deveria, isso sim, se posicionar de forma decidida contra a tentativa de impedir a exploração do petróleo e não ficar fazendo demagogia identitária para defender uma funcionária do imperialismo.

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Last Update: 30/05/2025