Delator releva como a ROTA atua em parceria com PCC

Uma investigação que está sendo conduzida pela Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo revelou um esquema milionário envolvendo policiais da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (ROTA) e Primeiro Comando da Capital, PCC. As informações estão sendo publicadas pelo sítio jornalístico Metrópoles. A maioria das denúncias foi feita por um integrante da facção, que hoje é uma testemunha protegida.

O depoimento informal do integrante do PCC ocorreu diante de policiais da inteligência da ROTA e de pelo menos um promotor do Grupo Especializado em Combate ao Crime Crganizado (GAECO) do Ministério Público de São Paulo. Segundo o GAECO os policiais militares envolvidos no esquema pertenciam ao setor de inteligência da ROTA. Eles não realizavam patrulhamento ostensivo, apenas o chamado “trabalho velado”.

Segundo a investigação o esquema teria começado em 2017 e os agentes cobravam uma “mensalidade” de R$600 mil para vazar informações sigilosas, e com isso, garantir a proteção de líderes da facção criminosa na zona leste de São Paulo. Além da mensalidade, em situações extraordinárias, os valores cobrados eram ainda mais altos.

O MPSP teria levado o caso a José Augusto Coutinho, então comandante da ROTA, hoje número 2 na hierarquia da PM. Coutinho, no entanto, não tomou providências a respeito, abafando o caso, informa a matéria. Segundo a Corregedoria da PM, o esquema de vazamento de informações em benefício do PCC era supervisionado pelo capitão Raphael Alves Mendonça, que seria amigo pessoal de diversos líderes da facção.

O esquema envolvia diretamente sete policiais militares, sendo liderado por um agente identificado como “Leão”. A investigação também traz a tona outros valores recebidos por policiais para facilitar ou deixar fugir alguns desses integrantes da facção. Entre os beneficiados do PCC estariam figuras como Silvio Luiz Ferreira, o Cebola, Claudemir Antonio Bernardino da Silva, o Guinho, e Rafael Maeda Pires, o Japa.

Além das mensalidades a reportagem traz a informação de que durante a Operação Sharks, em setembro de 2020, os PMs exigiram R$5 milhões para permitir a fuga de Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, então principal líder do PCC fora das prisões. Situação semelhante ocorreu com Cebola, que escapou de uma operação do Ministério Público de São Paulo (MPSP) para prendê-lo durante a festa de aniversário de Ahmed Hassan, advogado envolvido em esquemas de lavagem de dinheiro da facção.

Essa operação deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo teria deixado a Rota encarregada de vários mandados de prisão, entre eles o de Tuta. Porém a informação que chegou para os promotores foi a de que Tuta não foi localizado no endereço previsto. Mais tarde, os promotores tiveram acesso a um áudio no qual o próprio Tuta conversava com uma pessoa e dizia: “O pessoal da R [suposta referência à Rota] salvou minha vida na Sharks”.

Diante das de todas essas informações é preciso deixar claro que não existe nenhum combate ao crime organizado. Neste caso e em vários outros, a polícia é sócia do tráfico de drogas e da lavagem de dinheiro.

Por isso, a estrutura burocrática da segurança pública, tal como existe hoje, deve ser extinta. A segurança da população deve ser coordenada pela própria população.

Usando o pretexto de guerra às drogas e facções, os Estados e também o Governo Federal atuam descaradamente para aumentar a repressão contra a população, movimento amparado por campanhas de agitação na imprensa burguesa Por outro lado, fica claro que as facções e o crime organizado estão bastante enraizados nas próprias instituições que dizem combatê-los.

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