
Em delação prestada ao Ministério Público Federal (MPF), o ex-diretor financeiro da Americanas, Fabio Abrate, citou diretamente o bilionário Beto Sicupira, um dos principais acionistas da varejista. Segundo Abrate, a comunicação entre Sicupira e o então CEO Miguel Gutierrez era constante e direta, numa dinâmica que também incluía a executiva Anna Saicali, todos já apontados como peças-chave da engrenagem que operava a fraude bilionária na companhia.
Abrate detalhou a estrutura de comando do esquema fraudulento, colocando Gutierrez e Saicali como “praticamente a mesma pessoa”, sempre cientes de todas as decisões. Em depoimento ao MPF, ele afirmou que essa mesma lógica se aplicava às relações com Sicupira e Eduardo Saggioro, atual presidente do conselho da Americanas e sócio da LTS, gestora dos investimentos dos três bilionários acionistas da empresa.
Embora tenha citado Sicupira várias vezes em sua colaboração premiada, o MPF não incluiu o empresário na primeira denúncia apresentada em março de 2025. A acusação formal foi direcionada a 13 ex-diretores e funcionários, sob a justificativa de que o conselho de administração foi enganado e os acionistas de referência, lesados em R$ 12 bilhões. Sicupira permaneceu de fora, mas continua sendo investigado.

A defesa de Sicupira e Saggioro rebateu com firmeza as insinuações, alegando que o delator foi categórico ao atribuir a autoria da fraude à antiga diretoria, sem provas de que o conselho tivesse conhecimento dos crimes. Em nota, afirmaram que é infundado supor que o simples fato de haver comunicação constante entre diretores e conselheiros signifique cumplicidade nos atos ilícitos.
Além disso, a assessoria dos empresários destacou que auditorias e investigações conduzidas ao longo de dois anos não encontraram indícios de que qualquer conselheiro estivesse envolvido ou soubesse das práticas fraudulentas. Ao contrário, foram identificadas evidências de que a diretoria manipulava informações e ocultava operações dos conselheiros e até dos sucessores no comando da empresa.
Segundo a nota, os únicos beneficiados com a fraude foram ex-diretores que venderam ações cientes da situação real da empresa. Já Sicupira, conforme apontado pela perícia da Polícia Federal, teria sido um dos maiores prejudicados, aportando recursos na companhia sem saber da real extensão dos problemas financeiros.
Conheça as redes sociais do DCM:
Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line