O Brasil registrou déficit de US$ 8,758 bilhões nas transações correntes no mês de fevereiro, conforme dados divulgados nesta quarta-feira, 27, pelo Banco Central. No acumulado de 12 meses, o saldo negativo atingiu o equivalente a 3,28% do Produto Interno Bruto (PIB).

O resultado ficou abaixo da projeção de analistas consultados pela Reuters, que estimavam um déficit de US$ 9,104 bilhões para o período.

As transações correntes incluem o saldo da balança comercial, os serviços e as rendas primárias e secundárias. O déficit indica que o país gastou mais em transações com o exterior do que arrecadou no mês analisado.

Segundo o Banco Central, os principais componentes das contas externas influenciaram o resultado de fevereiro. A balança comercial de bens apresentou superávit, enquanto os saldos de serviços e de renda primária foram deficitários, o que contribuiu para o resultado negativo global das transações correntes.

Os investimentos diretos no país somaram US$ 9,3 bilhões em fevereiro, superando as estimativas de mercado, que projetavam entradas de US$ 5,5 bilhões. Os dados indicam aumento no fluxo de capitais produtivos para o país, apesar do saldo negativo nas transações correntes.

O Banco Central também atualizou os dados acumulados no ano. No primeiro bimestre de 2025, o déficit em transações correntes alcançou US$ 15,936 bilhões. No mesmo período, os investimentos diretos totalizaram US$ 14,5 bilhões.

Em nota, o Banco Central detalhou o comportamento dos principais componentes das contas externas. As exportações de bens totalizaram US$ 25,4 bilhões em fevereiro, enquanto as importações somaram US$ 21,2 bilhões, resultando em superávit comercial de US$ 4,2 bilhões.

O saldo de serviços apresentou déficit de US$ 3,6 bilhões, com destaque para as despesas com transportes, viagens internacionais e aluguel de equipamentos. Já a conta de renda primária, que inclui lucros e dividendos enviados ao exterior, registrou saldo negativo de US$ 10,1 bilhões.

A conta de renda secundária, que inclui transferências pessoais como remessas de trabalhadores, teve saldo positivo de US$ 0,8 bilhão.

O Banco Central reforçou que o aumento nos investimentos diretos é um indicador de confiança dos investidores estrangeiros na economia brasileira. Do total de US$ 9,3 bilhões recebidos em fevereiro, US$ 5,7 bilhões foram destinados à participação no capital e US$ 3,6 bilhões referem-se a operações de intercompanhia.

No acumulado em 12 meses até fevereiro, os investimentos diretos no país somaram US$ 64,2 bilhões, correspondendo a 3,52% do PIB.

A autoridade monetária também apresentou dados sobre a conta financeira. Em fevereiro, foram registrados ingressos líquidos de US$ 11,3 bilhões.

Além dos investimentos diretos, a conta incluiu US$ 1,2 bilhão em investimentos em carteira (ações e títulos de dívida) e US$ 0,8 bilhão em outros investimentos, como empréstimos e depósitos.

No relatório, o Banco Central destacou ainda os efeitos das oscilações cambiais e dos preços das commodities nas contas externas. Segundo a instituição, o desempenho das exportações e a evolução do déficit em serviços e renda primária continuam sendo fatores determinantes para a trajetória do balanço de pagamentos.

A próxima divulgação do setor externo está prevista para o final de abril, com os dados consolidados de março. O Banco Central não atualizou, nesta divulgação, suas projeções para o fechamento das contas externas em 2025.

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Last Update: 26/03/2025