Ao debater o novo papel da Europa na atualidade, o time de especialistas do programa Observatório de Geopolítica, da TVGGN, chegou à conclusão de que há um déficit democrático no velho continente, a partir do avanço de partidos de extrema-direita nas eleições, a mais recente delas em Portugal.
Polônia, Holanda, Itália e Hungria também são exemplos de países em que os eleitores optaram por candidatos extremistas. Para o jornalista Felipe Bueno, fatores econômicos, desemprego e medo de estrangeiro são alguns dos fatores que explicariam a guinada à direita.
Mas para Cláudia de Borba Maciel, atual Embaixadora do Brasil na Guiné Bissau, além dos fatores acima, existe ainda uma frustração em relação ao projeto europeu. “Foi um projeto muito ambicioso, um projeto que visava a paz, mas um projeto que dependia para a segurança de um parceiro extrarregional. Então, o deal por trás da União Europeia, na verdade, é com os Estados Unidos, que garantem a segurança, pagam os custos da segurança europeia.”
A União Europeia era, inicialmente, um projeto de integração e projeto de paz, que resultasse em prosperidade e integração que rompesse com a tradição de rivalidades culturais.
Cláudia conta que a garantia de segurança dos EUA permitiria, ainda, “estabelecer uma política que tivesse algum nível de bem-estar social para poder responder às demandas de uma classe trabalhadora mais organizada e que tinha, inclusive, como alternativa próxima, um projeto que se anunciava como socialista”.
“Então houve um certo liberalismo autoritário, porque cada vez mais as pessoas, os cidadãos, as pessoas que participam da vida econômica, mas não se sentem participantes da vida política, porque você vota e o seu voto é absorvido pelos lobbies econômicos, por uma elite descomprometida. Com a população que a elegeu e as pessoas perderam o sentido de agência, da capacidade de agir e de influenciar o sistema político”, continua a embaixadora.
Mas, para a jornalista Rosa Freire d’Aguiar, quem realmente vive um déficit democrático são os EUA e que democracias são sempre frágeis.
“Eu não vejo muito, historicamente, um momento em que a gente tenha conhecido anos e décadas de democracia estável e sólida. Ela é sempre frágil, ela é um combate permanente, e a Europa tem as idas e vindas.”
Ao longo da entrevista, os debatedores falaram ainda sobre a esquerda no velho continente. Confira o debate na íntegra:
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