Aumento das importações antes de novas tarifas amplia desequilíbrio e leva à primeira contração econômica trimestral desde 2022

O déficit comercial dos Estados Unidos subiu 14% em março, alcançando US$ 140,5 bilhões, o maior valor já registrado, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (6) pelo Escritório de Análise Econômica (BEA) do Departamento de Comércio. Em fevereiro, o déficit havia sido revisado para US$ 123,2 bilhões.

Economistas consultados pela agência Reuters previam um déficit de US$ 137 bilhões, acima da estimativa anterior de US$ 122,7 bilhões para fevereiro. O aumento foi impulsionado por uma elevação significativa nas importações de bens, em meio à antecipação de tarifas sobre produtos estrangeiros.

O aumento das importações ocorreu no contexto da política tarifária adotada pela administração do ex-presidente Donald Trump. A elevação das tarifas sobre produtos chineses para 145% levou empresas norte-americanas a antecipar compras, com o objetivo de evitar os novos custos.

Embora tarifas sobre parceiros comerciais tenham sido suspensas temporariamente por 90 dias, as medidas sobre mercadorias chinesas entraram em vigor no início de abril, dando início a um período de tensões comerciais com a China.

Em março, as importações totais subiram 4,4%, atingindo US$ 419 bilhões, um novo recorde. As importações de bens aumentaram 5,4%, chegando a US$ 346,8 bilhões. As exportações, por sua vez, cresceram 0,2% e alcançaram US$ 278,5 bilhões, também um valor recorde. As exportações de bens aumentaram 0,7%, totalizando US$ 183,2 bilhões.

O desequilíbrio comercial teve impacto direto sobre o desempenho econômico do país. Segundo o BEA, o déficit contribuiu para uma redução de 4,83 pontos percentuais no Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no primeiro trimestre. Com isso, a economia norte-americana apresentou retração anualizada de 0,3% no período, a primeira queda trimestral desde o início de 2022.

Analistas apontam que o movimento antecipado de importações deve se esgotar nos próximos meses. A expectativa é de que, com a normalização dos fluxos comerciais, o impacto negativo sobre o PIB diminua e a atividade econômica volte a crescer no segundo trimestre.

O aumento do déficit ocorre em um contexto de incerteza nas relações comerciais internacionais. A imposição de tarifas sobre produtos chineses é parte de uma estratégia mais ampla adotada nos últimos anos para reequilibrar a balança comercial e proteger setores estratégicos da economia doméstica. No entanto, medidas como essas geraram reações por parte dos países afetados, resultando em barreiras tarifárias recíprocas e aumento das tensões comerciais.

Os dados divulgados nesta terça-feira indicam que os efeitos dessas políticas continuam a afetar a dinâmica econômica interna. A alta nas importações pressionou o balanço de pagamentos, enquanto o crescimento modesto das exportações não foi suficiente para compensar o desequilíbrio.

Apesar do cenário negativo no primeiro trimestre, projeções do setor privado apontam para possível recuperação nos meses seguintes. Economistas estimam que a desaceleração nas importações, associada a uma estabilização nas exportações, poderá contribuir para um desempenho mais favorável do PIB no segundo trimestre.

A evolução do déficit comercial será observada de perto por formuladores de política econômica, investidores e empresas, uma vez que influencia diretamente decisões sobre produção, investimento e política fiscal. A continuidade das tensões comerciais e a política tarifária adotada pelo governo norte-americano seguirão como fatores de peso na trajetória econômica do país nos próximos trimestres.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 06/05/2025