O dirigente petista e diretor da Fundação Perseu Abramo Alberto Cantalice publicou uma mensagem no X defendendo um “republicanismo” na Polícia Federal (PF) um tanto estranho, ainda mais à luz do papel central da instituição no período do golpe de 2016. Defendendo um republicanismo barato, mas muito conhecido de quem viveu o período do golpe, Cantalice não se intimidou a apelar até mesmo à criatividade para defender a PF. Eis sua mensagem, publicada em 10 de abril:
“A Polícia Federal é uma polícia judiciária. Só um canalha pode arguir que a corporação aja a partir de demandas do governo de turno. Diferente do período anterior, do desgoverno, a PF e a PRF retornaram ao seu princípio republicano. De onde nunca deveria sair.
É obrigação da PF cumprir as diligências emanadas pelo Poder Judiciário. Se assim não fora, seria prevaricação.”
Em primeiro lugar, falar que a PF é uma polícia judiciária é uma loucura completa. Cantalice abusou da criatividade ao colocar a força repressiva sob a tutela do Poder Judiciário, mas para que o leitor não se engane, a PF é um órgão subordinado ao Executivo, o verdadeiro responsável por nomear o diretor-geral da entidade, por meio do Ministério da Justiça, que por sua vez, é parte integrante do “governo de turno”, alguém que em condições normais, goza da confiança do Presidente da República.
Ainda, quando o dirigente petista fala que no governo anterior a situação da PF era diferente, Cantalice comete outra falsificação sobre a história da força repressiva. Desde a sua fundação, nos anos 1960, a PF é dirigida pelo “governo de turno”, como ele diz, que na época, era justamente os da Ditadura Militar. Criada pela agência fomentadora de golpes de Estado USAID (uma máscara da CIA), a estruturação da PF foi uma das primeiras medidas adotada pelos generais golpistas e pelo imperialismo, sendo desde então, uma polícia política com uma linha partidária definida.
A simbiose entre a PF e o “governo de turno” só teve uma ruptura maior nos governos do PT. Particularmente durante a direção de Eduardo Cardoso no Ministério da Justiça, a força repressiva teve Leandro Daiello como diretor-geral, que a usou abertamente para atacar o governo federal, atacar o governo da presidenta Dilma, sendo parte integrante aqui do golpe de Estado ocorrido, contra o qual, o governo do PT nada conseguiu fazer.
Se esse foi o período que a relação entre a PF e o “governo de turno” mudou, o que fica claro não é o suposto “republicanismo” da entidade, mas a subordinação de classe da força, quem realmente manda na instituição. Desde o seu nascimento até hoje, é o imperialismo que realmente orienta a PF, o que torna a afirmação de Cantalice, de que “só um canalha pode arguir que a corporação aja a partir de demandas do governo de turno” um cinismo proferido pelo verdadeiro canalha.
Com a verdadeira natureza política da PF esclarecida, o que Cantalice realmente está fazendo é defender o golpismo da agência, a manutenção dela como um instrumento da intervenção estrangeira no País. É a subordinação das forças repressivas do Brasil ao FBI e ao sinistro serviço secreto israelense, o MOSSAD. Por razões óbvias, o dirigente petista não diz abertamente o que defendendo, mas essa é a verdadeira política que Cantalice defende.
Uma PF que continue auxiliando israelenses a fugirem do Brasil quando forem desmascarados, que continue efetuando prisões de opositores do imperialismo, dedicado a fazer operações totalmente alopradas e criminosas, como a que prendeu Lucas Passos Lima e produziu outras tantas vítimas.
Em algum momento – que a julgar pela intensidade da crise mundial, não demora -, essa máquina odiosa de repressão se voltará também contra o amplo conjunto da esquerda, porque finalmente a PF foi criada para combater os defensores dos interesses progressistas no Brasil, a esquerda em especial. Com o apoio de Cantalice, ao que se observa pela colocação do membro da direita petista.
É para fazer exatamente o que a PF sempre fez, atuar como uma polícia política contra o País, contra o povo brasileiro e contra a esquerda, inclusive setores tão moderados da esquerda como o PT – o que ficou flagrantemente evidente durante a campanha golpista de 2016 -, é que se dirige a campanha de Cantalice. Trata-se de uma posição que a esquerda deve repudiar de maneira enérgica e longe de defender as loucuras defendidas pelos setores traidores da esquerda representados pelo dirigente petista, deve ser denunciada por uma campanha popular, exigindo o fim desta e das demais instituições repressivas do Estado.