O ex-governador do Paraná Beto Richa quebrou o silêncio sobre os bastidores de sua prisão durante a operação Lava Jato e denunciou o que chama de “teatro jurídico” montado para tirá-lo da disputa eleitoral de 2018. “Eles decidiam quem morria e quem vivia”.

“A Lava Jato foi o maior projeto de poder paralelo que esse país já viu. Com apoio de setores da mídia, Judiciário e mercado, decidiram quem podia viver, quem podia concorrer, quem governaria. E quem precisava ser destruído”.

Naquele ano, Richa liderava as pesquisas para o Senado no Paraná, mas foi derrotado de forma esmagadora, algo que o surpreendeu, já que não perdia uma eleição desde 2001. Para ele, a narrativa construída contra sua candidatura foi arquitetada para remeter, por exemplo, a um grande escândalo, como o episódio com Geddel Vieira Lima, que ficou marcado como “bunker do Geddel”.

“Eu nunca entrei em lugar nenhum do Brasil anonimamente. Nunca carreguei mala de ninguém. Mas precisavam me associar a essa imagem para me destruir. Foi uma construção midiática e jurídica para me tirar da eleição. Fui tirado do jogo”, afirmou o deputado federal (PSDB – PR) em entrevista à TV GGN Justiça [confira o link abaixo].

A prisão foi decretada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) em 1º de junho de 2018, com base na delação de Nelson Leal Júnior, ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR). Mas Richa acusa diretamente Diogo Castor de Matos, da força-tarefa em Curitiba, de ser peça chave na perseguição. “Um moleque! Esteve na minha casa, viu tudo, e depois ajudou a montar a farsa. Ele sabia que não havia nada. Mas fez parte do jogo. Um jogo sujo, de poder, de destruição política”.

“Aquilo foi uma montagem. Precisavam de uma justificativa, e usaram um delator sob pressão para inventar uma história. Foram até a casa da minha mãe, levaram até cinto e abotoadura. Que tipo de crime é esse? Cinto de calça agora é prova criminal?”, ironiza.

Em dezembro de 2023, o ministro Dias Toffoli declarou a nulidade absoluta de todos os processos contra Beto Richa vinculados à Operação Lava Jato e ao ex-juiz Sergio Moro. A decisão foi fundamentada em evidências de manipulação processual e conluio entre membros do Ministério Público Federal e o então juiz.

Sem inquérito formal, contraditório ou direito à defesa, Richa define o processo como lawfare — o uso do sistema judicial para perseguição política. “Não houve inquérito, contraditório, nada. Foi um teatro. Eles sabiam que, se eu fosse até o fim, ganharia a eleição. Isso era inaceitável para quem queria manter o controle do estado. Fui vítima de lawfare puro”.

“Minha mulher chorava todos os dias. Não por vergonha, porque ela sabe quem eu sou, mas pela injustiça. Pela humilhação de ver o marido preso sem prova nenhuma”.

Mesmo diante da tentativa de assassinato político relatada por Richa, ele se reelegeu vereador em 2020 com apoio popular expressivo. “O povo me conhecia. Sabia quem eu era. Tentaram me enterrar vivo, mas não conseguiram”.

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Last Update: 31/05/2025