O cardeal Giovanni Angelo Becciu, condenado a 5 anos e meio de prisão por fraude e desvio de fundos da Igreja Católica, desistiu de participar do conclave que vai escolher o novo papa. Ele perdeu o direito de participar do processo em setembro de 2020, em uma decisão tomada por Francisco.
Segundo o jornal italiano La Repubblica, Becciu disse a pessoas próximas que não queria causar mais danos à imagem da Igreja Católica. Apesar da desistência em participar do conclave, ele ainda diz ser inocente por compra e venda fraudulenta de um edifício em Londres, na Inglaterra.
“Tendo no coração o bem da Igreja, à qual servi e continuarei servindo com fidelidade e amor, assim como para contribuir com a comunhão e a serenidade do conclave, decidi obedecer como sempre fiz”, afirmou o cardeal em nota enviada à agência de notícias francesa AFP.
O religioso foi removido do cargo de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos pelo papa Francisco em setembro de 2020. Ele foi condenado, três anos depois, quando era substituto para Assuntos Gerais da Secretaria de Estado, pelo tribunal do Vaticano.
A condenação foi causada por um escândalo de corrupção na compra de um imóvel de luxo em Londres por € 200 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão) em 2014. Na época, o religioso também teria desviado recursos para a diocese de sua cidade natal, na Sardenha, para beneficiar membros da própria família.
Becciu já foi uma das figuras mais poderosas do Vaticano, assessorou Francisco e chegou a ser considerado um dos favoritos para assumir a liderança da Igreja Católica. Logo após a morte do papa, ele anunciou que viajou para Roma para participar do conclave, alegando que seus direitos como cardeal eram vitalícios.
O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado de Francisco por anos, entregou dois documentos assinados pelo papa que mostraram que ele não poderia participar do conclave: uma carta de 2023 e outra do mês passado. Becciu então desistiu.
Os cardeais que vão escolher o novo pontífice se reúnem no Vaticano no dia 7 de maio, quando se encerra o período chamado de Novendiales, período de luto pela morte do papa Francisco. O Vaticano afirmou que 135 dos 252 cardeais espalhados pelo mundo estão aptos a votar, mas apenas 120 vão participar da escolha.
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