Em um auditório repleto de militantes, lideranças, representantes dos movimentos populares e destacados aliados políticos, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) realizou, nesta segunda-feira (18), em Porto Alegre, a quarta mesa do ciclo de debates preparatórios para seu 16º Congresso Nacional.
Sob o tema “Partido Comunista e a luta socialista no século 21”, o painel, transmitido ao vivo pela Fundação Maurício Grabois, aponta a urgência de uma frente ampla para derrotar o neofascismo nas eleições de 2026, resgatar a soberania nacional e para reafirmar a identidade comunista em meio à crise sistêmica do capitalismo.
Mediado pelo historiador Raul Carrion, o encontro reuniu Nádia Campeão, secretária de Organização do PCdoB; Nivaldo Santana, secretário Sindical ; Ricardo Abreu, membro do Comitê Central; e Carlos Lopes, vice-presidente do PCdoB. Logo na abertura, Carrion explicou que o debate do Projeto de Resolução do Partido é parte do processo de organização e do centralismo democrático do PCdoB. E aproveitou para lembrar que a tarefa dos comunistas no ano que vem “é dar uma nova vitória ao povo brasileiro nas eleições de 2026, sob pena das conquistas retrocederem”. disse.
Na abertura, o operário comunista Assis Melo, ex-deputado federal e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, foi enfático ao defender a questão da soberania nacional: “É hora de arrancar a bandeira do Brasil das mãos dos fascistas e colocá-la a serviço da soberania e do povo”, disse.
Frente Ampla e Projeto Nacional: Caminhos para o Socialismo
Debatedores e convidados convergiram para a necessidade de uma frente ampla que articule esquerda, democratas e patriotas comprometidos com um Brasil soberano e socialmente justo. Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul, alertou para a decadência do imperialismo estadunidense e o avanço global da extrema direita, ressaltando que “o Trump, na tentativa de salvar o império em declínio, adota métodos autoritários como o de ditaduras.”
José Fortunati, ex-prefeito de Porto Alegre, complementou, enfatizando a clareza estratégica: “A frente ampla para 2026 deve unir forças progressistas e patrióticas, com um programa claro que priorize a soberania e a justiça social.”
Identidade comunista, integração latino-americana e poder popular
Ricardo Abreu, secretário de Relações Internacionais do PCdoB, aprofundou o debate sobre a integração latino-americana como horizonte estratégico para o socialismo, destacando sua relevância histórica e geopolítica: “A integração da América Latina é mais que uma escolha; é uma necessidade para enfrentar o imperialismo e construir uma alternativa soberana. Devemos fortalecer organismos regionais como a Celac e articular os povos latino-americanos em torno de um projeto comum.” Ele também frisou a importância de um partido enraizado nas lutas populares, capaz de dialogar com as novas gerações e resistir às investidas do capital transnacional.
A reafirmação da identidade comunista foi tratada por Nivaldo Santana como pilar para a reconexão com as classes trabalhadoras. “O capital responde à crise reduzindo o custo do trabalho e desmantelando direitos. Nossa tarefa é organizar a classe trabalhadora, unindo-a em torno de um projeto que combine luta sindical, formação política e mobilização de massa”, disse. Carlos Lopes, economista e dirigente comunista, completou, vinculando o socialismo a um projeto nacional: “No Brasil, o caminho para o socialismo exige um projeto de desenvolvimento que priorize a soberania, a industrialização e a distribuição de riqueza.”
A uberização do trabalho e o individualismo exacerbado pelas redes sociais foram identificados como desafios cruciais — que atrasam a elevação da consciência do trabalhador e a mobilização das massas. Como resposta, os debatedores defenderam propostas concretas: redução da jornada de trabalho sem corte salarial, isenção de imposto de renda para baixos salários, fortalecimento dos sindicatos e políticas públicas para enfrentar a precarização.
Combater o rebaixamento do partido e travar as lutas do povo
Nádia Campeão, ex-vice-prefeita de São Paulo e dirigente nacional do PCdoB, trouxe uma reflexão crítica sobre os desafios organizativos do PCdoB, apontando o impacto do individualismo digital na fragmentação das lutas populares: “Vivemos um momento em que as redes sociais promovem dispersão e personalismo, dificultando a organização coletiva. Nosso partido enfrenta esse desafio com um esforço imenso para manter a unidade e a coerência ideológica.”
Ela defendeu um equilíbrio entre a atuação institucional, a luta social nas ruas e a disputa de ideias, destacando a formação política como ferramenta essencial para preparar quadros e engajar a militância. “Precisamos formar militantes que compreendam o papel histórico do partido e saibam dialogar com as massas”, afirmou.
Raul Pont, ex-prefeito de Porto Alegre e dirigente histórico do PT, trouxe à tona a necessidade de uma reforma do sistema eleitoral, alertando para os riscos da atual estrutura: “O sistema eleitoral brasileiro, com sua lógica mercantilista, favorece o poder econômico e dificulta a representação popular. Sem uma reforma profunda, seremos engolidos por essa máquina.” Ele também destacou a importância de reconectar o partido com a juventude, propondo estratégias para enfrentar o bolsonarismo religioso e fortalecer a democracia participativa, como conselhos populares e espaços de diálogo direto com as comunidades.
Rumo ao 16º Congresso — avançar com clareza Ideológica e mobilização popular
A Mesa 4 do ciclo de debates reafirma o papel estratégico do PCdoB na construção de um Brasil soberano, socialista e democrático. Em um cenário de crise global, avanço neofascista e desafios impostos pelo capitalismo, o partido se posiciona com clareza ideológica, unidade organizativa e compromisso com as lutas populares. A tarefa histórica é mobilizar a classe trabalhadora, formar quadros combativos e organizar a resistência para garantir uma nova vitória em 2026, avançando com determinação rumo ao socialismo.