O Sintaema participou, nesta quinta (04), de um importante debate promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas da Paraíba (STIUPB) sobre a privatização do saneamento no Brasil.

O encontro reuniu dirigentes e trabalhadores de diversas regiões, com foco especial nas experiências de Piauí e São Paulo, estados que vivem momentos dramáticos resultado da privatização do saneamento.

Piauí: exclusão e atropelo

Durante o evento, Aurélio Secundo, trabalhador da Agepisa, relembrou o processo de privatização no Piauí, sob o governo Rafael Fonteles (PT), que realizou um leilão marcado pela pressa, obscuridade e completa exclusão da sociedade do debate. A decisão ocorreu mesmo diante do fracasso já evidente da concessão à Águas de Teresina: tarifas caras, serviço precário, transtornos cotidianos e um sistema que sequer funciona plenamente na capital.

Durante o debate, Aurélio denunciou a lógica por trás desse processo: a transformação da água em mercadoria, o chamado “ouro azul”, a serviço do capital financeiro internacional. Para ele, o Brasil está inserido em uma disputa geopolítica em que multinacionais e fundos buscam lucrar com um bem essencial, à custa de graves consequências sociais e ambientais.

São Paulo: 50 anos de resistência ameaçados

No painel, o presidente do Sintaema, José Faggian, destacou que a luta contra a privatização em São Paulo se conecta diretamente com a dos companheiros piauienses: “Fica cada vez mais claro que a batalha contra a privatização é uma batalha contra um projeto geral de Estado mínimo, já fracassado em países da Europa e da América do Norte, mas que agentes globais tentam impor agora à América Latina”.

Faggian lembrou ainda os processos de reestatização do saneamento na Inglaterra, onde a privatização se revelou um desastre, e ironizou que até o Trata Brasil – entidade ligada ao setor privado do saneamento Brasil – já admite que o Novo Marco Legal, que abriu avenida para as privatizações, não trouxe os avanços prometidos. O caso de Manaus, que após décadas de privatização ainda convive com graves falhas de abastecimento e saneamento, foi citado como exemplo concreto.

Em São Paulo, o Sintaema resistiu à privatização da Sabesp por cinco décadas, mas o governo Tarcísio de Freitas avançou com sua política de desmonte, com apoio da maioria na Assembleia Legislativa, a entrega da companhia.

“Está claro que o projeto de Tarcísio é eleitoral. Ele usa a Sabesp, as estradas e o transporte sobre trilhos como vitrine para se credenciar como candidato à Presidência, mesmo que isso custe caro ao povo de São Paulo. Toda sua movimentação busca agradar a Faria Lima”, afirmou o presidente do Sintaema.

O debate reforçou que a luta em defesa da água e do saneamento público é nacional. Onde há privatização, aumentam as tarifas, caem os investimentos e se aprofunda a exclusão social. O Sintaema segue firme, junto às entidades sindicais de todo o país, para defender a água como direito e não como mercadoria.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 04/09/2025