De olho em sobrevivência, PSDB avança em aliança com o Podemos

A cúpula do PSDB caminha para formalizar na semana que vem uma aliança com o Podemos, atualmente sob a liderança da deputada federal Renata Abreu (SP). Os detalhes da aliança foram discutidos em uma reunião de dirigentes das duas siglas na noite da quinta-feira 24.

Na próxima terça, a Executiva Nacional do PSDB se reunirá para bater o martelo e anunciar a união. A ideia dos caciques tucanos é informar que haverá uma fusão entre os partidos neste primeiro momento. Contudo, o que os tucanos defendem é uma incorporação partidária.

Conforme a legislação eleitoral, a fusão ocorre quando dois ou mais partidos decidem se unir para formar uma nova sigla, com um novo nome, um novo estatuto e uma nova estrutura – é o caso da fusão entre Democratas e PSL, que deu origem ao União Brasil, em 2021.

A incorporação, por sua vez, acontece quando um partido é absorvido por outro já existente. A sigla incorporada deixa de existir, e seus filiados, sua estrutura e seus recursos passam a integrar a legenda que o incorporou.

Na avaliação dos tucanos, seria isso que aconteceria com o Podemos, cuja representação no Congresso Nacional é de 15 deputados e quatro senadores. Já o PSDB tem 16 deputados e três senadores.

O Podemos, porém, tem uma visão oposta. Deputados ouvidos sob reserva garantem que a união está encaminhada, mas ponderam que seu partido é maior que o PSDB e, por isso, lideraria uma eventual incorporação.

A legenda chefiada por Renata Abreu passou por esse processo em 2022, ao incorporar o Partido Socialista Cristão (PSC), que não conseguiu superar a cláusula de barreira no pleito daquele ano.

No mês que vem, os olhares dos dirigentes partidários devem se voltar à elaboração do estatuto partidário, a ser apresentado em convenção prevista para junho.

Após o aval da Justiça Eleitoral à união, projeta-se a abertura de uma janela partidária fora do período previsto em lei para que os congressistas do Podemos deixem o novo partido, caso queiram. Essa possibilidade não será concedida aos tucanos insatisfeitos com a aliança, garantem líderes do PSDB.

Pelo desenho atual, a tendência é que o número do novo partido seja o 20 do Podemos, aposentando o 45 que identifica o PSDB desde sua fundação, em 1988. Em compensação, o símbolo deve ser o tradicional tucano. Inicialmente, a sigla se chamaria #PSDB+Podemos. Ainda não há definição sobre quem comandará a agremiação.

Interlocutores do presidente do PSDB, Marconi Perillo (GO), defendem preservar ao máximo o legado do partido na aliança, sob alegação de que não se pode jogar fora o que foi feito por uma legenda que governou o Brasil por dois mandatos e criou o Plano Real.

Embora tenha sua história entrelaçada com a redemocratização do Brasil, a sigla não tem conseguido empolgar os eleitores. Em 2022, por exemplo, perdeu nas urnas o histórico domínio sobre São Paulo.

O ano passado marcou o auge da crise tucana, com o pior desempenho eleitoral de sua história: o partido não elegeu prefeito em nenhuma capital. Aposta do PSDB em São Paulo, o apresentador José Luiz Datena perdeu fôlego e recebeu apenas 1,8% dos votos.

No mais recente capítulo desse encolhimento, a sigla perdeu nos últimos meses a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (hoje no PSD), sua vice e os 32 prefeitos e prefeitas que tinha no estado. Agora, corre o risco de perder os governadores Eduardo Leite (RS) e Eduardo Riedel (MS), que negociam com outras siglas enquanto esperam uma definição sobre o futuro do tucanato.

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