Em artigo intitulado Pichou o STF e pegou 14 anos. Imagina Bolsonaro, publicado pelo Brasil 247, o jornalista Esmael Moraes esbanja um otimismo que é difícil de se compreender. Diz ele:
“Se Débora Rodrigues levou 14 anos por pichar uma estátua, quanto tempo pegará Bolsonaro por incitar um golpe?
A pergunta ecoa nos corredores do poder — e também entre os próprios bolsonaristas, que ironizam um possível destino do ex-presidente com o apelido de ‘Chile’… ou melhor, xilindró.”
Débora Rodrigues é uma cabeleireira. Uma mulher que foi condenada a 14 anos de prisão por “pichar uma estátua”. Pichou como? Com que tinta? Pichou quanto? Ela simplesmente escreveu duas frases com um batom!
Mas não era qualquer estátua. Era uma estátua do Supremo Tribunal Federal (STF). Isso, por sua vez, já foi suficiente para que os iluminados ministros entendessem que foi um ataque ao conjunto da instituição e que, portanto, seria um crime gravíssimo.
É inacreditável que alguém que se diz de esquerda veja uma coisa como essas e não se levante em protesto. O Estado está sendo acionado para esmagar uma pobre coitada, que por uma pichação de batom, vai passar mais de uma década na cadeia!
A conclusão que qualquer pessoa progressista deveria tirar do caso é: se uma mulher foi condenada a 14 anos por isso, quantos anos de prisão o povo pobre do País pegará por crimes reais? E mais: se isso é um crime gravíssimo, como saber o que é crime ou não é crime?
Moraes segue com seu texto, dizendo:
“A verdade é que a casa começou a cair. O Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, condenou Débora Rodrigues dos Santos a 14 anos de prisão por participar dos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 em Brasília.”
“A casa começou a cair”, uma frase que foi muito utilizada durante a Operação Lava Jato, significa que o STF irá aumentar ainda mais as suas prisões arbitrárias. O que o articulista vê de positivo nisso?
Ele explica logo adiante:
“Na prática, o recado está dado: quem financiou ou liderou os atos pode esperar punições ainda mais severas. E Bolsonaro está no centro desse furacão jurídico.”
O apoio do articulista às arbitrariedades do STF seria, portanto, porque, segundo ele, o tribunal se prepara para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Fica, no entanto, a pergunta: por que o STF estaria tão empenhado em prender Bolsonaro, a ponto de sair perseguindo pobres coitados? Onde está o STF que prendeu Lula e deu o golpe de 2016? Agora não seria mais uma instituição golpista?
Uma análise minimamente cuidadosa chegaria à conclusão de que o objetivo do STF ao fazer isso é o mesmo de quando prendeu Lula. Isto é, que o tribunal está agindo de acordo com os interesses do grande capital, que, neste momento, não quer para 2026 nem Lula, nem Bolsonaro, mas sim alguém como Tarcísio de Freitas (Republicanos), que seja um capacho total da política neoliberal.
