
O corpo do advogado criminalista e professor Daniel Keller foi encontrado sem vida na manhã desta sexta-feira (13) em um hotel no bairro Caminho das Árvores, em Salvador. Aos 40 anos, Keller era reconhecido por sua atuação em casos de grande repercussão. A Polícia Civil investiga as circunstâncias da morte, após recolher uma arma de fogo no local.
Formado em Direito pela Universidade Católica do Salvador (UCSal) em 2007, Keller especializou-se em Ciências Criminais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e tornou-se mestre em Direito em 2021.
Sua carreira foi marcada pela atuação em processos complexos, como a defesa da família de Lucas Terra, adolescente assassinado em 2001 em um crime ligado à Igreja Universal do Reino de Deus.
Outro caso de destaque foi sua participação como assistente de acusação no julgamento da médica Kátia Vargas, acusada de homicídio triplamente qualificado após um acidente de trânsito em 2013 que matou os irmãos Emanuel e Emanuelle Dias. O trabalho de Keller contribuiu para a absolvição da ré.

Além da advocacia, Keller lecionou na UCSal, Faculdade Ruy Barbosa e UniFTC, onde conquistou a admiração de alunos e colegas. Nas redes sociais, ex-alunos compartilharam homenagens emocionadas. “Foi mais que um professor, exemplo de generosidade, empatia e sabedoria”, escreveu um advogado que foi seu estudante.
O promotor Davi Gallo, amigo pessoal de Keller, expressou surpresa com a morte: “Era muito admirado, um advogado inteligente e capaz que não tinha inimigos. Não advogava para crime organizado – é um choque”. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA) emitiu moção de pesar, destacando sua “atuação firme” e o vazio deixado “nos fóruns e nas rodas de conversa”.
Investigações em andamento
A 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico) assumiu as investigações, com análises da cena do crime, perícia na arma encontrada e coleta de imagens de câmeras de segurança. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) prepara laudos para esclarecer as circunstâncias da morte. Até o fechamento desta reportagem, não havia informações sobre velório ou sepultamento.
A Caixa de Assistência dos Advogados da Bahia (CAAB) também se manifestou, solidarizando-se com familiares e amigos. O caso mobiliza o meio jurídico baiano, que perde uma de suas referências na área criminal.