A deputada Dandara Tonantzin (PT-MG) foi eleita, por unanimidade, nova presidente da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (19/3). Ela assume o cargo em substituição à deputada Dilvanda Faro (PT-PA), que presidiu a comissão em 2024. A mineira reforçou, em seu discurso, o compromisso com a proteção dos biomas brasileiros e a valorização das comunidades que os habitam.

“É uma alegria assumir essa presidência”, afirmou Dandara, que destacou o momento histórico para o Brasil e à Amazônia, especialmente com a realização da COP30 em Belém do Pará, em 2025. “Mais do que um evento internacional, essa é uma oportunidade histórica para reafirmarmos o nosso compromisso com a proteção da Amazônia e com a centralidade dos povos originários e comunidades tradicionais para a preservação da nossa sociobiodiversidade”.

Representatividade

Dilvanda Faro, ao transferir o cargo, celebrou a trajetória da comissão e destacou a importância da representatividade feminina. “O primeiro ano foi uma indígena, o segundo ano foi uma amazônida e o terceiro ano é uma quilombola. Sempre mulheres. Estou muito feliz com o que estamos construindo aqui”. Ela também ressaltou as conquistas da comissão em 2024, como a realização de 37 reuniões, 16 audiências públicas, cinco seminários e duas reuniões de debates, além da deliberação de 83 proposições e 55 requerimentos voltados para povos originários, comunidades tradicionais e agricultura familiar.

Políticas Públicas

Dandara enfatizou a necessidade de políticas públicas que integrem justiça climática e justiça social. “Não há solução para a crise climática sem assegurar terra, direitos e dignidade para quem protege a floresta há séculos”, declarou. Ela também destacou a importância de reconhecer todos os biomas brasileiros, como Cerrado, Pantanal, Caatinga, Pampa e Mata Atlântica, e as comunidades que neles vivem. “A terra não nos pertence, nós pertencemos a ela”, citou, referindo-se a um provérbio indígena.

A nova presidente da comissão defendeu um modelo de desenvolvimento sustentável que respeite a diversidade cultural e a biodiversidade, garantindo que as riquezas naturais beneficiem toda a sociedade. “A transição para uma economia de baixo carbono precisa ser justa, inclusiva e orientada pelo respeito aos saberes e práticas das populações que vivem da Terra e dela dependem”, disse.

Dandara também reforçou o papel estratégico da comissão nos debates nacionais e globais. “Queremos que essa comissão tenha um papel fundamental nos debates mais importantes para o Brasil. Estaremos na COP30, mas também promovendo seminários, audiências públicas e escutas ativas. Esta comissão está aberta a quem realmente precisa”, adiantou.

Biografia

Primeira mulher negra eleita deputada federal pelo PT de Minas Gerais, Dandara Tonantzin é pedagoga, mestra em educação e militante do movimento negro. Iniciou sua trajetória política ainda no ensino médio, quando começou a se engajar politicamente refundando o grêmio e lutando contra o aumento da passagem de ônibus.

Ingressou na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) aos 16 anos como cotista no curso de pedagogia. Depois, fez o mestrado em Educação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Dandara foi presidente do Diretório Acadêmico do curso, coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE–UFU), diretora de políticas educacionais da União Estadual dos Estudantes (UEE-MG). Também atuou como militante do Coletivo Nacional de Juventude Negra (Enegrecer) e exerceu a função de conselheira do Conselho Nacional de Promoção de Igualdade Racial (CNPIR).

Nas eleições de 2020, foi a vereadora com o maior número de votos na cidade de Uberlândia. Agora, assume seu 1º mandato de deputada federal após ter sido eleita com 86.034 votos em 2022.

 

Lorena Vale

 

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Last Update: 19/03/2025