O escritor Dalton Trevisan morreu, nesta segunda-feira 9, aos 99 anos, em Curitiba. A informação foi divulgada pela Secretaria de Cultura do Paraná e por familiares do autor em uma rede social.

A causa da morte não foi divulgada pela família, mas o velório será aberto ao público, atendendo a um desejo de Trevisan. A hora e o local da despedida ainda não foram divulgados.

O ‘Vampiro de Curitiba’, como era conhecido o lendário contista brasileiro, escreveu obras que retratam sua terra natal de uma forma única. O apelido, aliás, é o título de um dos seus livros mais famosos. A Polaquinha e Cemitério de Elefantes são outras obras clássicas de Trevisan.

“[Seus livros] revelam uma Curitiba sombria, mas também lírica, onde a banalidade do cotidiano convive com dramas intensos”, diz um trecho da nota divulgada pela secretaria de Cultura do Paraná. “O Vampiro de Curitiba criou uma obra enraizada na capital paranaense, elevando suas ruas e seus bairros a verdadeiros personagens”, lembra a pasta em outro trecho.

“Todo vampiro é imortal. Ou, ao menos, seu legado é”, escreveu a família do escritor nas redes sociais.

Trevisan, desde o início da sua carreira, vivia uma vida reclusa em Curitiba, o que ampliava sua imagem mística e enigmática. O escritor, apesar de ser flagrado em algumas ocasiões pelas ruas do Centro de Curitiba, não dava entrevistas e nem conversava com ‘estranhos’. Sua última conversa com a imprensa foi nos anos 1970.

Antes de ser escritor, Trevisan foi advogado, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Teve uma curta carreira no Direito, interrompida para trabalhar em um fábrica de cerâmica da família, onde sofreu um grave acidente em 1945 em uma explosão. Foi nesse período em que produziu e publicou suas primeiras grandes obras.

A produção do ‘Vampiro’ é vasta e conta com mais de 50 livros, pelos quais ganhou quatro prêmios Jabuti e um prêmio Camões, além de abocanhar muitas outras honrarias importantes da literatura em língua portuguesa. Ele, costumeiramente, não aparecia para receber as premiações, mantendo sua fama vampiresca.

Ainda como autor, Trevisan foi fundador da revista literária Joaquim, por onde passaram grandes autores e intelectuais, como Antonio Cândido e Mário de Andrade. A Joaquim também foi responsável pela publicação de inéditos de Carlos Drummond de Andrade e pela tradução de obras importantes da literatura mundial, como Marcel Proust e Franz Kafka.

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Last Update: 10/12/2024