Por Nayara Ribeiro, Comunicação EJA Nordeste
Da Página do MST
José Jorge Soares tem 70 anos de idade e nasceu no dia 23 de agosto de 1954, no município de Orós, no Ceará. Em 14 de abril de 2002, ele chegou ao que hoje é o assentamento Chico Mendes, no Icó, Ceará. Depois de participar de várias reuniões com a coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais (MST), junto com a CPT e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e os grupos que viviam nos sítios, foram realizadas formações para explicar o que eram as ocupações de terra, como era a vida de acampado e de assentado quando chegasse na terra, mostrando os direitos, os deveres e como melhorar as condições de vida. Após muitas reuniões, foi marcado o dia da ocupação.
Pai de quatro filhos, Zé Jorge já foi pescador e trabalhou na agricultura, mas depois de um acidente ficou um pouco impossibilitado de fazer essas tarefas. Nos momentos livres, gosta de fazer poesias.
Zé Jorge, como é conhecido, diz que a maior vantagem de viver em um assentamento da Reforma Agrária é ter autonomia: “Eu digo que viver no Assentamento é conquistar a liberdade, são muitas as coisas boas que se tem. Antes de vir para cá, eu trabalhava na roça do patrão e uma das coisas que mais me fez vir pra cá foi poder ter a liberdade de plantar o que eu quiser, na hora que eu quiser, sem depender das ordens do patrão.” Ele também destaca: “Quem quer viver dentro das normas do assentamento e respeitando o coletivo, não existe lugar melhor para viver do que os assentamentos.”
Durante a infância e a adolescência, ele conta que não sofreu tanto com a falta de estudos porque não tinha noção de como o estudo era importante. Apesar de seu pai dar muito valor para os estudos, naquela época o foco era trabalhar na roça e, por morar longe dos centros onde tinha escola, não havia facilidade como hoje. Ele conta que começou a estudar, primeiro por 15 dias, depois por 30 dias, e conseguiu aprender a ler e a escrever um pouco. Com a chegada da Jornada de Educação de Jovens e Adultos (EJA) Nordeste no Ceará, Zé Jorge diz:
“Foi uma oportunidade e um incentivo para voltar a estudar, porque se você ficar parado, enferruja. É necessário se movimentar para não esquecer o que aprendeu na vida. O primeiro passo da vida é o estudo. Quem tem a oportunidade, seja novo ou velho, nunca é tarde para aprender o que ainda pode ser ensinado.”
Zé Jorge também é poeta e escreveu uma poesia sobre o EJA, confira:
A EJA é uma coisa muito boa e importante
A gente aprender a escrever em um momento interessante
Quem não aprende com a EJA coitado não é gigante.
Mas vamos falar da EJA, aonde ela está
No Piauí, Maranhão e também no Ceará
Está em todo o estado se assim se precisar.
A EJA Educada todos, seja também enfermeiro
O diretor de hospital, doutor e engenheiro
Juiz e Promotor, toda classe sei dele.
E depois o movimento da EJA vai crescendo
Nasce a classe policial que vocês já estão sabendo
Do soldado ao general, ao Marechal que o maior que estou vendo.
Forma também o Presidente, Deputado e Senador
O EJA ensina tudo de pouquinho com muito amor.
EJA Nordeste
A Jornada EJA Nordeste tem como objetivo erradicar o analfabetismo nas áreas de assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária, beneficiando assim 17.741 educandos em 1.463 turmas nos 9 estados. No Ceará conta-se com 245 turmas que no final desse processo alfabetizará 2.665 educandos espalhadas nas cinco grandes regiões do estado.
A Jornada EJA Nordeste ocorre via o Pacto pela Superação do Analfabetismo e Qualificação de Educação de Jovens e Adultos nas Áreas de Reforma Agrária, é uma ação fruto da parceria entre o Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA/MDA) – por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), sob a coordenação política e pedagógica do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a coordenação institucional da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
*Editado por Solange Engelmann
