Custo de vida sobe nos EUA e dificulta agenda econômica de Trump

A um ano das eleições de meio de mandato, o presidente Donald Trump enfrenta crescente insatisfação com o alto custo de vida nos Estados Unidos. Apesar das promessas de reduzir preços, baratear moradias e derrubar juros, os indicadores mostram que a realidade caminhou na direção oposta.

A inflação anual está em 3%, praticamente o mesmo nível de quando Trump iniciou seu segundo mandato, mantendo o preço geral dos bens 3% mais caro do que há um ano. As hipotecas de 30 anos seguem acima de 6%, mantendo a casa própria fora do alcance de milhões de famílias.

Em artigo no Project Syndicate, o economista e ex-vice-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) Desmond Lachman atribui o avanço dos preços ao próprio conjunto de políticas econômicas do governo.

O pacote fiscal aprovado neste ano — o One Big Beautiful Bill — ampliou o déficit e estimulou a demanda, empurrando o PIB para cima, mas mantendo a inflação pressionada.

Já as tarifas médias de importação subiram para 17%, o maior patamar desde 1936, com impacto adicional estimado de 1,3 ponto percentual sobre os preços ao consumidor.

A política migratória também contribui para o encarecimento: a deportação de imigrantes indocumentados e o desestímulo à imigração legal elevam custos em setores como construção e agricultura.

Ao mesmo tempo, Trump pressiona o Federal Reserve por cortes agressivos de juros — movimento que pode gerar incerteza e, paradoxalmente, elevar taxas de mercado, incluindo hipotecas.

Com a “affordability” no centro do debate eleitoral, analistas avaliam que os republicanos caminham para um cenário desfavorável. Sem mudança abrupta na política econômica, o partido deve enfrentar resistência crescente de eleitores que esperavam exatamente o contrário: preços mais baixos e crédito mais barato.

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