Chefes de Estado e governo dos 32 países da Otan se reúnem em Haia, na Holanda, nesta terça e quarta-feira, com o objetivo de aumentarem seus investimentos militares em 5% do PIB até 2035. A Cúpula da Otan, com a presença do presidente americano Donald Trump, está sendo protegida pelo maior esquema de segurança já montado na Holanda, envolvendo milhares de policiais, militares, drones e especialistas em segurança cibernética.
A Cúpula da Otan acontece em meio a um enorme risco de escalada no Oriente Médio com a decisão dos EUA em bombardear o Irã, seguida pela retaliação iraniana em atacar uma base militar americana no Catar.
Além disso, a guerra entre Israel e o regime de Teerã está prestes a entrar na terceira semana, apesar do cessar-fogo anunciado pelo presidente americano Donald Trump. Estes conflitos não fazem parte da agenda oficial dos líderes da aliança, mas devem dominar as discussões em Haia.
Nestes próximos dois dias a Otan pretende mostrar para Moscou que está unida e coesa, determinada a expandir suas defesas para desencorajar qualquer ataque russo. E é neste contexto que nesta terça-feira 24, o Conselho Otan-Ucrânia reúne os ministros das Relações Exteriores da aliança e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para um jantar de trabalho.

O presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky é recebido pelo secretário-geral da Otan Mark Rutte para a cúpula do bloco na Holanda.
Foto: Claudia Greco / POOL / AFP
Às vésperas da Cúpula, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, afirmou que o caminho da Ucrânia em direção à aliança militar é “irreversível”; o que contraria o líder americano, que descarta uma possível adesão de Kiev.
Aliás, Trump decidiu encurtar sua participação na Cúpula da Otan e sua presença em Haia será reduzida ao jantar de gala desta noite oferecido pelo rei da Holanda, Willem-Alexander e a uma agenda de apenas três horas na quarta-feira 25. A Casa Branca solicitou uma adaptação do programa, exigindo uma reunião breve adequada ao estilo de comunicação de Trump, que não gosta de discussões diplomáticas prolongadas.
Trunfo para Trump
Esta é a primeira vez que o holandês Mark Rutte, que assumiu o comando da Otan em outubro do ano passado, preside uma Cúpula da aliança. Graças ao seu poder de persuasão, Rutte deve anunciar que os países aliados concordam em dedicar 5% do PIB em defesa até 2035.
De acordo com a nova meta, 3,5% do PIB seriam direcionados para gastos militares básicos – forças armadas, equipamentos e treinos – enquanto os 1,5% restantes seriam gastos em investimentos relacionados à inteligência, cibernética e segurança.
O anúncio de um acordo sobre o aumento em defesa será um trunfo pessoal para Donald Trump. Desde que Trump voltou ao poder, o republicano, que não é um grande admirador das organizações multinacionais, retomou a pressão na Otan para que a Europa assumisse maior responsabilidade pela sua própria segurança.
Com o início da guerra na Ucrânia, os países da aliança elevaram seus gastos com despesas militares, mas apenas 23 membros da Otan estão cumprindo as metas de gastos com 2% do PIB.
Recentemente, Mark Rutte alertou para o fato de que a Rússia poderia estar pronta para usar sua força militar contra um dos países da Otan dentro de três a cinco anos, enfatizando assim a urgência de uma defesa robusta.
Resistência espanhola
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, que recusou investir 5% do PIB espanhol no orçamento de defesa, insiste que seu país não será obrigado a alcançar meta e divulgou uma carta assinada pelo chefe da Otan, Mark Rutte, no último domingo, na qual é concedida uma flexibilidade à Espanha. No entanto, às vésperas da Cúpula, Rutte negou que Madri terá um regime de exceção nos gastos militares.
Na semana passada, Sánchez apelou por uma “fórmula mais flexível” e disse que cumprir o objetivo de 5% seria incompatível com o Estado social e visão do mundo de seu país. Para alcançar a meta sugerida pela Otan, a Espanha teria que cortar serviços públicos e reduzir outras despesas, incluindo os gastos destinados à transição ecológica.
Madri adianta que o país só irá assinar a declaração final em Haia se obtiver o compromisso acordado no último domingo. Para adotar o novo plano de gastos militares, a Otan precisa do consenso de seus 32 países.