Cuba: a maior medalhista da história da América Latina

por Luís Felipe Santos

Mesmo com os graves problemas econômicos que Cuba vive nos últimos anos, fruto do embargo imposto pelos Estados Unidos, Cuba, um pequeno país, com apenas 11 milhões de habitantes, é a maior medalhista olímpica da história da América Latina.

Cuba é também o país de língua hispânica com a maior quantidade de medalhas olímpicas. A ilha caribenha tem mais do dobro de medalhas do que a Espanha, por exemplo, mas com uma população quase cinco vezes menor.

Cuba chegou aos Jogos Olímpicos de Paris 2024 no décimo sexto lugar entre os países com mais medalhas no mundo. Até esta edição dos jogos, Cuba tinha conquistado 235 medalhas (84 de ouro, 69 de prata e 82 de bronze). Destas, 229 conquistadas depois da Revolução de Fidel Castro em 1959, ou seja, mais de 97% do total foi no período comunista. Sem contar o fato que Cuba não participou de duas olimpíadas em solidariedade a outros países socialistas boicotados pelos EUA (Los Angeles, em 1984 e Seul, em 1988). Imagine se tivesse participado dessas também?

Nos jogos de Moscou (1980) e Barcelona (1992), Cuba teve surpreendentes resultados: quarto e quinto lugar respectivamente, no quadro de medalhas, com 20 medalhas em Moscou (8 de ouro, 7 de prata e 5 de bronze) e 31 medalhas em Barcelona (14 de ouro, 6 de prata e 11 de bronze).

Entre 1972 e 2008, Cuba só não esteve no “top” 10 em 2004 (11º lugar). Desde a Revolução cubana em 1959, até 2012, Cuba sempre foi o país líder na América Latina, e desde a edição do Rio de Janeiro (2016), Cuba perdeu o posto de líder na América Latina para o Brasil, mas agora ocupa a ainda surpreendente segunda posição entre os 20 países e outros 10 territórios semicoloniais da América Latina.

O que explica esse sucesso olímpico? Desde a revolução comunista em Cuba, em 1959, onde foi derrubada a ditadura de Fulgêncio Batista, um governo fantoche dos EUA, e implantada uma economia socialista poucos anos depois, a economia cubana foi estatizada e direcionada para atender às necessidades da população. O analfabetismo foi erradicado em poucos anos e a saúde foi universalizada e tornada gratuita a todos, o que fez de Cuba o país com um dos melhores sistemas de educação e saúde da América Latina, poucas décadas depois. Mas o que poucos sabem é que o esporte também foi amplamente estimulado em toda a sociedade, como um direito social. Desde esporte nas escolas, até atividades esportivas sendo estimulados nas praças públicas, até o apoio a formação de atletas de ponta, fizeram de Cuba a maior potência olímpica da América Latina.

Como disse o lutador Mijaín López, de 41 anos, que se tornou o primeiro atleta da história a conquistar cinco medalhas de ouro em uma mesma prova individual dos Jogos Olímpicos: “Tenho que agradecer e dedicar esse resultado ao nosso comandante invicto que foi quem se preocupou pelo esporte em Cuba. Creio que nós merecemos esse resultado graças a ele e ao esforço que a nossa Revolução fez”.

Nos últimos anos, com a intensificação do bloqueio econômico dos EUA, feito por Donald Trump, para estrangular a economia cubana, o que piorou a crise da ilha, o governo cubano foi obrigado a reduzir mais ainda seu investimento em diversas áreas, inclusive nos esportes, o que se expressa na queda de Cuba no quadro de medalhas e na deserção de diversos atletas, que se se naturalizaram em outros países, para poder competir com melhores condições.

Mas mesmo assim, com todos esses reveses, por que países capitalistas como México, Argentina, Colômbia, Chile, Panamá, Porto Rico, etc. que não sofrem nenhum embargo dos EUA, não superam Cuba?

Não é surpreendente Cuba ter deixado de ser uma potência olímpica mundial. Isso é perfeitamente explicável, pelo contexto de bloqueio econômico da ilha. O que surpreende, é como Cuba, um país periférico, pobre, com apenas 11 milhões de habitantes, sendo um dos países mais sancionado do mundo pelos EUA (a maior potência econômica do mundo), consegue, apesar disso tudo, ser a maior potência olímpica da história da América Latina! Agora, já imaginou Cuba sem o criminoso bloqueio econômico dos EUA? O bloqueio é fundamental para a propaganda negativa do socialismo!

*Atleta cubano da luta greco-romana, em Tóquio 2020, após ganhar a 4° medalha de ouro.

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Última Atualização: 14/08/2024