O Dia do Psicólogo, celebrado neste 27 de agosto, abre espaço para uma reflexão urgente: a saúde mental dos trabalhadores e trabalhadoras. A data homenageia profissionais fundamentais na promoção do bem-estar, mas também evidencia um desafio crescente no mundo do trabalho. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) aproveita o momento para reforçar a importância de políticas públicas e normativas que assegurem proteção efetiva à saúde mental nas empresas.

O Dia do Psicólogo nos leva a refletir sobre a saúde mental dos trabalhadores e trabalhadoras, sobre a importância da psicologia e o papel crucial dos profissionais da área. A data é um lembrete de que a saúde mental não é apenas a ausência de doença, mas um estado de bem-estar — e o trabalho precisa ser também um estado de felicidade”, afirmou Dany Moretti, secretária de Saúde da CTB.

A luta por uma Norma Regulamentadora

Nos últimos anos, a CTB travou intensas discussões na Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP) em defesa de uma Norma Regulamentadora específica para a saúde mental. Segundo Moretti, a proposta inicial era a criação de uma NR própria, mas diante da resistência do setor patronal o que se conquistou foi um anexo dentro da NR1, que trata das disposições gerais de saúde e segurança no trabalho.

Nós queríamos uma NR exclusiva para a saúde mental, mas não conseguimos avançar nesse ponto. O que aprovamos foi um anexo dentro da NR1, que obriga as empresas a terem psicólogos e psiquiatras. É um avanço, mas ainda insuficiente”, explicou.

Ainda assim, a implementação dessa conquista encontra barreiras. O patronal pediu um prazo de um ano para começar a cumprir a medida, alegando custos e a necessidade de relatórios que comprovem a relevância da norma. “Eles disseram que é muito custo, que precisam de estudos para medir o tamanho do prejuízo. É mais uma forma de adiar uma obrigação que é urgente”, criticou Moretti.

Psicólogos e psiquiatras: independência é fundamental

Um dos pontos centrais defendidos pela CTB é que os profissionais de saúde mental não sejam contratados diretamente pelas empresas, mas sim disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou por meio de outra estrutura independente.

Se os psicólogos e psiquiatras forem contratados pelas próprias empresas, há o risco de que eles não reconheçam que o ambiente de trabalho é responsável pelo adoecimento. Ao contrário, podem acabar culpabilizando o trabalhador, individualizando um problema que é coletivo e estrutural. É preciso garantir independência para que esses profissionais tenham condições reais de identificar o adoecimento causado pelas condições de trabalho”, alertou a dirigente.

A secretária de Saúde da CTB reforça que a luta agora é sobre como será feita essa contratação e qual será o perfil dos profissionais que atuarão no acompanhamento dos trabalhadores. “A nossa discussão maior é: que tipo de profissional é esse? Como será essa contratação? O que não queremos é que fiquem presos à lógica empresarial, porque aí a saúde mental vira mais uma engrenagem para manter a produtividade, e não um direito do trabalhador”, completou.

Um debate que precisa avançar

Para a CTB, o Dia do Psicólogo simboliza também a necessidade de romper o silêncio sobre o sofrimento psíquico provocado pelo ambiente laboral. Casos de depressão, ansiedade e burnout estão cada vez mais frequentes, impulsionados pela precarização, pelo excesso de metas e pela insegurança nas relações de trabalho.

Saúde mental é dignidade. É qualidade de vida. É trabalho que traz satisfação e não sofrimento. É esse horizonte que buscamos construir com muita luta e resistência”, concluiu Moretti.

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Last Update: 27/08/2025