A Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) teve papel de destaque na 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, realizada em Brasília. O encontro reuniu cerca de 1.600 delegados e um público total próximo de 3 mil pessoas, aprovando propostas que reafirmam a saúde como direito humano e colocam a pauta dos trabalhadores no centro das políticas públicas.
A dirigente Daniele Moretti, comerciária, conselheira estadual de saúde do Rio de Janeiro, secretária de Saúde da CTB nacional e coordenadora da 5ª Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador do RJ, foi uma das vozes de maior repercussão no evento. Em sua intervenção, destacou o papel decisivo dos sindicatos no fortalecimento do controle social.
“A nossa maior luta é pelo fim da escala seis por um. Isso tem que sair daqui”, afirmou, defendendo que a agenda sindical precisa incluir a saúde do trabalhador como prioridade. Moretti também criticou a falta de informação acessível sobre os espaços de controle social, ressaltando que muitos sindicatos ainda enfrentam dificuldades para participar ativamente. “Quando chegamos nesses espaços, temos dificuldade de pensar a saúde como promoção. O que vamos fazer lá?”, questionou.
Para a dirigente da CTB, é preciso romper com a fragmentação das lutas e superar a naturalização das doenças relacionadas ao trabalho. “É normal todo mundo ter cistite porque não se bebe água. Essa mentalidade precisa mudar”, alertou, apontando a educação popular como instrumento fundamental de transformação.
Moretti reforçou ainda que sem formação não há mobilização: “Precisamos que a saúde do trabalhador seja vista como um direito humano, e isso só será possível com uma base sólida de conhecimento e organização”.
Durante a conferência, foram aprovadas propostas estratégicas como o fim da escala seis por um, o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e a valorização dos profissionais do sistema com vínculos estáveis e concursos públicos.
A mesa em que Daniele Moretti representou a CTB contou também com Fernando Pigatto, ex-presidente do Conselho Nacional de Saúde, e Eduardo Bofi, do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (DIASAT). O debate, intitulado “Controle Social e Participação Popular”, reforçou a necessidade de o movimento sindical assumir protagonismo nos conselhos de saúde.
Segundo Moretti, quando os sindicatos ocupam esses espaços, ampliam a capacidade de enfrentamento a um modelo que prioriza o capital em detrimento da vida. “O sindicato já tem na veia a luta. Se ele coopera no controle social, vai identificar o trabalhador em qualquer lugar, formal ou informal, e potencializar a transformação”, afirmou.
Com mais de 3 mil participantes, a conferência terminou com um conjunto de propostas aprovadas que agora serão levadas para implementação nos estados e municípios. Para a CTB, o desafio está em transformar as resoluções em políticas concretas, com acompanhamento firme do controle social e participação popular.