Na manhã desta terça-feira (17), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), ao lado das centrais Força Sindical, CUT, UGT, CSB e Nova Central, além de entidades estudantis e movimentos sociais, realizou um grande ato unificado em frente à sede do Banco Central, na Avenida Paulista, nº 1804, em São Paulo. A mobilização teve como foco o protesto contra a política de juros altos que segue travando o desenvolvimento do país.
A manifestação foi realizada no primeiro dia da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por definir a nova taxa básica de juros (Selic), atualmente em 10,5% ao ano. Para as entidades, o patamar segue extremamente elevado e tem bloqueado o crescimento econômico, dificultado a geração de empregos e comprometido os investimentos sociais em saúde, educação, moradia e infraestrutura.
Durante o ato, lideranças sindicais denunciaram a submissão do Banco Central aos interesses do sistema financeiro, em detrimento da maioria do povo brasileiro. O protesto contou ainda com uma encenação simbólica da “quadrilha dos especuladores”, para representar os agentes do mercado que lucram com os altos juros às custas da miséria da população.
Em sua fala, Ubiraci Dantas (Bira), vice-presidente nacional da CTB, destacou os impactos sociais do ajuste fiscal promovido pelo governo em 2023 e 2024:
“De 2023 pra cá, olha só: foram 4,5 bilhões investidos na saúde, 1,373 bilhões na educação, 3,7 bilhões no PAC, 183 bilhões nos institutos e universidades federais, e mais 3,7 bilhões em hospitais universitários. E mesmo assim, no final do ano passado — atenção, companheiros e companheiras! — o governo lançou um pacote de ajuste fiscal. Pra quê? Pra cortar recursos da saúde, da educação, pra reduzir o Fundeb, pra travar reajustes no salário mínimo, pra tirar da assistência social, cortar o BPC que atende idosos e pessoas com deficiência em situação de pobreza.”
Bira ainda alertou para o risco de retrocessos políticos em 2026 caso o governo continue cedendo ao capital financeiro:
“A semana retrasada aprovaram mais 30 bilhões de reais em cortes! Tudo isso pra alimentar banqueiro! […] Ou enfrentamos esse problema de frente, ou nosso dinheiro continuará indo pros banqueiros — e a situação em 2026 vai ser ainda mais difícil. Tenho fé que o povo vai acordar e romper com essa dominação do capital financeiro internacional. Só assim vamos conseguir investir de verdade na vida do nosso povo, com dignidade e soberania.”
Já o presidente da CTB São Paulo, Rene Vicente, abordou os efeitos concretos da política de juros altos e a injustiça estrutural no país:
“Estamos aqui mais uma vez, em frente ao Banco Central do Brasil, lutando pela dignidade do nosso povo. A Selic está entre as mais altas do mundo: 13,65%! Cada 1% a mais nessa taxa representa 50 bilhões de reais no bolso da elite financeira.”
Rene denunciou ainda a concentração de renda no Brasil, usando dados da Oxfam:
“Seis brasileiros concentram a mesma riqueza que 100 milhões de pessoas pobres. Uma trabalhadora que ganha um salário mínimo precisa de 19 anos pra ganhar o que um super-rico recebe em um mês. […] Ontem mesmo, na Folha de S. Paulo, o ‘Rei do Ovo’ reclamava dos R$ 600 do Bolsa Família, mas não fala da bolsa bilionária que recebe do Banco Central.”
Com espírito de luta e esperança, Rene encerrou sua fala com um chamado direto ao governo:
“Estamos aqui, de forma simbólica, trazendo a pipoca de São João, pra dizer: que o governo não ‘pipoque’! Que tenha coragem e baixe a taxa de juros! Queremos mais investimento produtivo, mais emprego, mais direitos, mais renda. Essa conta não fecha: seis brasileiros com mais riqueza do que 90% da população! É insustentável!