CTB abre 6º Congresso com chamado à unidade e à luta contra o imperialismo e em defesa da soberania nacional

Com axé, samba e compromisso político, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) abriu nesta quinta-feira (7) seu 6º Congresso Nacional em Salvador (BA). A cerimônia foi marcada por discursos enfáticos contra o imperialismo, homenagens à história de luta da classe trabalhadora e apresentações culturais como a do Malê Debalê — considerado o maior balé afro do mundo.

A presidenta da CTB-BA, Rosa de Souza, deu as boas-vindas com emoção:

“Quero aqui dar boas-vindas a todos e todas com esse axé, com esse samba, com essa energia positiva que vem da nossa Bahia. Não podia ser diferente.”

Rosa ressaltou o simbolismo do Congresso ser realizado em solo baiano, destacando o papel do estado na construção da resistência popular.

“Este 6º Congresso é, para mim, uma grande honra por estar sendo construído em nosso estado. […] É por isso que, apesar de todos os ataques à democracia, seguimos firmes na luta, porque este país está reagindo! Este Congresso é para dizermos, em alto e bom som: em 2026 é Lula de novo!”

O presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, reafirmou a centralidade da luta ideológica e a necessidade de fortalecimento da consciência política da classe trabalhadora:

“Bendito aquele que semeia livros e faz o povo pensar. Eu acredito que o sindicalismo precisa assumir essa grande responsabilidade: ajudar a fazer o povo pensar.”

Araújo também denunciou a ofensiva do imperialismo norte-americano:

“Nosso país está sob um feroz cerco do imperialismo norte-americano. […] Há lideranças políticas que se comportam como vassalos e levantam a bandeira dos Estados Unidos, mas precisamos ser enfáticos: o Brasil é dos brasileiros!”

Além das questões internacionais, Adilson prestou homenagem à história de resistência negra na Bahia:

“O bloco afro, o maior do mundo, que se apresentou aqui, canta essa história. Em janeiro deste ano, celebramos os 190 anos da revolta dos malês – uma história construída em contraposição ao colonialismo.”

O imperialismo como centro da denúncia
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação e presidenta do PCdoB, Luciana Santos, destacou o papel histórico dos EUA como agente de desestabilização e denunciou o recente “tarifaço” anunciado por Donald Trump:

“Sabemos bem o papel nefasto que esse país imperialista historicamente desempenhou no mundo. […] A mentira é que o Brasil teria superávit na balança comercial com os Estados Unidos. […] Na verdade, o clã Bolsonaro cumpriu, sim, o papel de traidores da pátria.”

Em tom combativo, a deputada estadual Olivia Santana (PCdoB) foi direta:

“Para o Trump, eu deixo o recado: quero ver se você tem coragem. Quero ver se vai me encarar.”

Unidade sindical e legado histórico
Antonio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), homenageou o ex-dirigente Wagner Gomes e reforçou a importância da unidade das centrais:

“Não há espaço para vacilo nem divisão. A única resposta possível é a unidade das centrais sindicais brasileiras. […] Se somos dinossauros, somos aqueles que permanecem de pé, com a coluna vertebral intacta.”

Ele também reafirmou o compromisso com o sindicalismo classista:

“Temos vértebras, temos espinha dorsal, temos convicções – e temos lado.”

A deputada federal Alice Portugal (PCdoB) criticou a ofensiva bolsonarista no Congresso Nacional:

“Infelizmente, a noite de ontem foi uma noite de terror. Extremistas bolsonaristas de direita ocuparam fisicamente a mesa do Congresso Nacional. […] Só nas ruas, nas greves, nas batalhas, é que garantiremos nossos direitos.”

Ela finalizou com uma mensagem direta ao ex-presidente norte-americano:

“Trump, vacilão: tire as mãos do Brasil!”

BRICS e soberania marítima
Carlos Augusto Muller, secretário adjunto de Relações Internacionais da CTB e presidente da Conttmaf, anunciou um passo importante na articulação internacional da classe trabalhadora:

“Amanhã, a cidade de Salvador será sede da fundação do Fórum da Gente do Mar dos BRICS – os marítimos dos BRICS. […] Reafirmamos: aqui no Brasil, nós não temos dúvidas – o Brasil é dos brasileiros.”

Compromisso com a base e com a democracia
O deputado Daniel Almeida (PCdoB) exaltou a coragem histórica das centrais:

“A CONTAG, nesses seus 63 anos de existência, nunca fugiu da trincheira. […] Seguiremos firmes, defendendo a dignidade dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, seus direitos e seus sonhos.”

Sérgio de Miranda, secretário de Finanças da CTB, lembrou que a realização do congresso só foi possível com a vitória eleitoral de 2022:

“Com certeza, em outro governo, em outra situação, nós não estaríamos aqui realizando este nosso sexto congresso.”

João Domingos, presidente da CSPB, sintetizou o sentimento comum em relação à luta internacional:

“Realmente o genocídio é do povo palestino. Essa é a grande luta, contra o imperialismo estadunidense.”

Big techs, democracia e soberania digital
João Caris, representando a ISP, alertou para o papel das plataformas digitais no processo político:

“Os milionários do setor tecnológico assumiram um papel semelhante ao dos antigos senhores feudais, controlando territórios digitais e influenciando profundamente nossas democracias.”

O desafio de conquistar o Congresso Nacional
Emerson Gomes, representando a Força Sindical, enfatizou que a vitória de Lula em 2022 foi apenas um passo:

“Apesar de termos conseguido reeleger o presidente Lula, ainda não conseguimos retomar o Congresso Nacional. […] A sociedade espera do movimento sindical que sejamos uma peça fundamental na construção de uma sociedade justa.”

O 6º Congresso da CTB segue com debates sobre estratégias para os próximos anos, reafirmando a Central como protagonista na luta de classes e na defesa do Brasil.

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