O presidente estadunidense Donald Trump tomou posse em janeiro e iniciou uma contraofensiva de conteúdo imperialista, colonialista, xenófoba, racista, machista, lgbtfóbica e contrária à defesa do meio ambiente, por meio de 70 decretos e intervenções públicas.

Trump busca restabelecer a hegemonia imperialista dos EUA e recuperar a capacidade industrial do país. Para isso recorre ao aprofundamento da guerra comercial, ao neocolonialismo e ao bonapartismo, testando os limites da democracia liberal burguesa.

O presidente norte-americano impôs medidas protecionistas que pressionam pelo aumento da inflação nos EUA e desemprego nos outros países; eliminou todas as já limitadíssimas medidas de proteção ao meio ambiente; deportação em massa de imigrantes; enxugamento do Estado; demissão de servidores públicos e perseguição aos ativistas que apoiam o povo palestino contra o genocídio promovido pelo estado de Israel.

Além de endossar a política de limpeza étnica de Netanyahu/Israel, que descumpriu o cessar-fogo na Palestina e incentiva a continuidade do genocídio, vem fazendo ainda um pacto reacionário para entregar parte da Ucrânia para Putin, ao mesmo tempo em que busca se apossar de suas terras raras. Na Síria, após a importante vitória com a queda de Bashar Al Assad, o desafio para o povo sírio é não pode aceitar a intervenção de tropas estrangeiras e os recentes assassinatos de civis alauítas.

No Brasil, o governo da Frente Ampla de Lula/Alckmin atua em pleno acordo com os interesses dos grandes capitalistas, ainda que, no discurso, tente afirmar o contrário.

O governo Lula sobrevive da conciliação com a ultradireita, em vez de enfrentá-la, o que na prática colabora para o seu fortalecimento. As necessidades dos trabalhadores não cabem na política econômica do governo Lula, que vem fazendo tudo que o mercado quer!

As últimas pesquisas claramente demonstram que o governo atravessa uma crise, com queda na popularidade em meio à crescente insatisfação social e a frustração da base que o elegeu, diante das promessas não cumpridas. Os índices econômicos anunciados como “prósperos” não refletem na realidade da população, que passa fome, não tem emprego e quando tem o salário é miserável.

O pacote de ajuste fiscal aprovado no final do ano, com ataques ao BPC, ao abono salarial e cortes de investimentos em áreas como saúde e educação, agravou as condições de vida dos mais pobres. O sucateamento dos serviços públicos, as privatizações e os ataques ao funcionalismo também seguem ocorrendo nas esferas federal, estadual e municipal, e são consequências do perverso mecanismo da Dívida Pública, que rouba dos pobres para enriquecer banqueiros.

Os servidores federais se enfrentam com o descaso do governo em cumprir os acordos firmados no ano passado e a reforma administrativa segue uma grave ameaça, razão pela qual várias categorias têm se mobilizado.

O ano começou com a disparada no preço dos alimentos, além das despesas com IPVA e IPTU e o aumento das passagens de transporte público promovidas pelos diversos governos. A carestia atinge cruelmente nosso povo. A posição cada vez maior de subcolônia do país tem sido a grande responsável. Mesmo com uma safra abundante, os preços são atrelados à lógica exportadora do agronegócio e à especulação global.

O governo Lula/Alckmin está se desgastando também com os setores oprimidos, ambientalistas e defensores dos direitos humanos, por rifar as suas pautas em nome da governabilidade e acordos com o Centrão e a direita. Por lavar as mãos perante a ofensiva do STF, do Congresso Nacional, dos ruralistas e da ultradireita contra os povos indígenas, negros e negras, mulheres e LGBTs. Por pactuar a manutenção do status quo com as Forças Armadas.

As mulheres seguem diante de uma epidemia de feminicídios e aumento da violência machista das mais diversas formas. Os povos originários estão sob graves ataques, como o Marco Temporal, que é acompanhado pelo avanço de projetos de exploração de petróleo e abertura de rodovias na Amazônia, incentivos ao agronegócio, entre outros, em total desacordo com a emergência e crise climática que enfrentamos, que tem trazido enchentes e ondas de calor acima de 40 graus pelo país.

Também com o aval do governo, a especulação imobiliária e os mecanismos do mercado financeiro têm sido utilizados em políticas de regularização fundiária, dificultando mais ainda a moradia da população mais pobre, num cenário de mais de um milhão de famílias ameaçadas de despejo no Brasil. As enchentes agravadas pelas mudanças climáticas afetam os bairros mais pobres com piores condições de infraestrutura. A brutal da violência policial contra o povo pobre e negro das periferias continua também em todo o país.

A extrema direita tenta se apoiar na eleição de Trump nos EUA e capitalizar o desgaste do governo, como demonstrado no episódio do PIX. Quer voltar ao governo para aprofundar ainda mais os ataques contra os direitos da nossa classe, além de impor retrocessos no terreno das liberdades democráticas e dos direitos humanos. No entanto, também sofreu um revés com a denúncia finalmente apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Bolsonaro e mais 33 golpistas.

Já a classe trabalhadora tem reagido como pode nesse cenário. Importantes lutas têm ocorrido neste início de ano, e que contam sempre com o apoio incondicional da CSP-Conlutas. A ocupação da Seduc (Secretaria de Educação) no Pará despertou grande solidariedade e ocorreu sob uma forte unidade entre os povos indígenas, trabalhadores da educação, quilombolas, povos tradicionais e movimentos sociais, forçando o governo Jader Barbalho a recuar em seu projeto de lei, após intensa mobilização.

Além disso, várias mobilizações estão em curso, como de trabalhadores, greves de professores estaduais e municipais, greves operárias, protestos dos movimentos populares contra despejos, entre outras. O movimento contra a escala 6×1, que eclodiu no ano passado, segue nas ruas.

Frente a esse cenário, lamentavelmente, as grandes Centrais Sindicais, assim como movimentos sociais importantes cujos dirigentes apoiam o governo Lula, tratam de bloquear as lutas dos trabalhadores e setores oprimidos contra esse governo porque, segundo eles, “isso fortaleceria a ultradireita”. Nos recusamos a aceitar tal argumento, porque é uma falácia. A luta contra a ultradireita é em primeiro lugar uma luta contra a exploração e a opressão da nossa classe pelo capitalismo.

O principal instrumento utilizado pelo sistema para impor a exploração e opressão contra o nosso povo é justamente o governo da Frente Ampla, encabeçado pelo presidente Lula. Ao contrário do que dizem seus defensores, na medida em que esse governo aplica uma política econômica que, para atender os interesses do grande capital, aumenta a exploração e opressão sobre a nossa classe, isso acaba contribuindo com o fortalecimento da ultradireita, em razão da decepção que causa na população.

Por isso, recusamos essa falsa premissa levantada pelos defensores do governo que aí está. Não há como defender os trabalhadores e setores oprimidos de nossa sociedade sem lutar contra a burguesia, incluindo aí seus setores de ultradireita, sem lutar contra o governo que é o seu principal instrumento para garantir a exploração e opressão contra o nosso povo.

Precisamos tratar de unir e fortalecer os processos de luta em defesa das diversas demandas dos setores explorados e oprimidos da nossa sociedade, a começar na luta pelo fim da jornada 6X1, pelo aumento dos salários e redução dos preços dos alimentos, etc.

Mais do que nunca a independência de classe é fundamental. Para defender direitos e interesses da nossa classe precisamos lutar sim contra a ultradireita. Mas para isso é preciso lutar contra todos os setores burgueses que estão aí, inclusive aquele representado pelo governo da frente ampla encabeçado por Lula. Esse é o sentido da oposição de esquerda ao governo que queremos construir, apoiada na luta dos trabalhadores em defesa de suas demandas, e que combata também a ultradireita e todos os patrões.

Neste 1° de Maio queremos, e podemos, dar um passo importante nesse sentido. Chamamos todas as organizações, sindicais, populares e políticas da classe trabalhadora, a juventude e setores oprimidos da nossa sociedade, a somarmos força para convocar e organizar conjuntamente manifestações classistas e internacionalistas, que recuperem as tradições históricas da nossa classe e seja um ponto de apoio às lutas em curso no país.

Manifestações que partam da defesa do fim da jornada de 6X1 e da exigência pela revogação do arcabouço fiscal e relacione a partir daí as demandas mais importantes da nossa classe no momento atual.

Um 1º de Maio classista, independente dos governos e internacionalista, que sirva como ponto de convergência para as diversas lutas e organizações em combate!

As bandeiras abaixo constituem uma proposta da CSP-Conlutas, portanto abertas ao debate com todos aqueles que queiram construir um ato de 1º de maio de luta, classista e internacionalista.

Exigimos e vamos à luta por:

• Fim da escala 6×1, redução da jornada de trabalho sem redução de salários!

• Aumento dos salários de acordo com a inflação dos alimentos! Gatilho salarial já!

• Isenção já dos R$ 5 mil do IR, com correção monetária!

• Demarcação e titulação já de todas terras indígenas e quilombolas! Não ao Marco Temporal!

• Reforma agrária já! Despejo Zero e moradia digna!

• Combater de verdade a crise climática. Defender as florestas e o Ibama. Não à exploração de petróleo na Margem Equatorial! Basta de transformar a floresta amazônica e o cerrado em pasto e plantação de soja.

Para que os trabalhadores sejam atendidos é preciso:

• Fim do arcabouço fiscal e suspenção da Dívida Pública aos banqueiros para ampliar as verbas pra saúde, educação e serviços públicos! Nacionalização e estatização do sistema financeiro que suga as riquezas do povo com juros, especulação e dívida!

• Nacionalização e expropriação dos monopólios capitalistas do agronegócio, sob controle dos trabalhadores, para garantir alimentos baratos para o povo, com preços justos em reais e não com base na cotação em dólar das exportações.

• Sobretaxar as maiores empresas para garantir redução do imposto para os trabalhadores

• Fim das privatizações. Reestatização das empresas privatizadas, incluindo a Petrobras 100% estatal

• Prisão para Bolsonaro e todos os golpistas! Sem anistia!

• Todo apoio ao povo palestino! Fim do genocídio! Fim do Estado racista e colonialista de Israel! Palestina Livre, do rio ao mar! Fora Trump e Netanyahu da Palestina!

• Todo apoio à resistência ucraniana! Fora Putin e Trump da Ucrânia! Defesa da integridade territorial da Ucrânia!

• Viva a luta dos trabalhadores e povos oprimidos em todo o mundo

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Last Update: 24/03/2025