Desorientadas?
por Luís Carlos
“A Venezuela precisa mostrar as atas”, exigem três países sul americanos, entre eles o Brasil.
“Maduro é um ditador”, afirma um integrante do PT.
Ao mesmo tempo arrotam que é preciso respeitar a democracia e que não há porque invadir a vida política de outros países.
Então fiquem quietos e deixem que a Venezuela resolva os seus problemas.
Falsas pesquisas? Novamente a questão das “fake news”? Excesso de otimismo? Erro de avaliação? Distância da realidade? Tudo isso e mais alguma coisa.
Alianças aqui e ali, elogios, análises políticas que previam uma virada da esquerda nos últimos anos sobre os conservadores e a direita fascitoide pelo mundo afora…
Tudo indica que a esquerda brasileira, com seus vários partidos e interesses, anda um pouco tonta e sem saber muito bem que fazer diante do ataque do capital e seus porta-vozes em Washington e na Faria Lima, pois ainda não encontrou a melhor maneira de enfrentar seus adversários, sobretudo a partir de 2016, após o golpe em Dilma Rousseff.
Andamos a patinar e, talvez, com os olhos mais no passado do que no presente e no futuro.
Não basta só desejar. É preciso ter quadros que acompanhem o veloz caminhar dos atalhos digitais, todo ele na mão dos grandes capitalistas do mundo e que, cada vez mais, não se mostram nem de longe dispostos a entregar o ouro ao bandido. Pelo contrário: serão mais selvagens ainda com a perspectiva de uma grande crise econômica e social.
É como costumo dizer: o brasileiro não sabe distinguir o que é esquerda ou direita. Não sabe qual a diferença entre Lula e o “grande” presidente que o precedeu. Não sabe nada de nada em política, economia, mas gosta muito de arrotar sabedoria.
O que gostam mesmo é de andar na moda, saber tudo sobre futebol, alguns jogam na bolsa, vibram com os desenhos animados de Hollywood e os “reels” das redes sociais, adoram exibir seus títulos acadêmicos num país de semianalfabetos…
Gaza, Ucrânia, Venezuela… Aos poucos o caldo da terceira guerra mundial vai engrossando.
Si vis pacem, para bellum!
Luís Carlos é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.
O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.
“Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente. Junte-se a nós: www.catarse.me/jornalggn “