Vera Rosane, presidente estadual do PSTU – Rio Grande do Sul
Em 26 de junho, um relatório da RBS TV revelou a situação crítica dos mais de 40 mil estudantes que ainda não haviam retornado às aulas (devido às enchentes) e as escolas danificadas sem condições de recebê-los. Essa situação abrange vários aspectos que precisam ser abordados, como o prejuízo irreparável aos estudantes, a condição estrutural dos educadores e as dificuldades emocionais de lidar com uma catástrofe anunciada.
Não há sinal de preocupação dos governos em resolver esse drama, muito menos vemos celeridade na solução. Agora estamos diante de um processo onde uma das alternativas propostas pelos governos são escolas de campanha, ou seja, lona em pleno inverno gaúcho com tantos prédios públicos à disposição.
A discussão sobre as escolas e a educação precisa ser analisada mais a fundo, pois faz parte de um conjunto de posturas que, ao longo dos anos, vem precarizando e desmontando as escolas. Atacam um dos principais pilares para a educação, que é o papel do educador e todos os envolvidos no ambiente escolar, através dos vários ataques às suas carreiras, condições de trabalho e falta de autonomia política pedagógica. Esta é uma saga que tem como receituário anunciado a privatização da educação.
Não podemos perder de vista que a burguesia, interessada em privatizar as escolas públicas para seus lucros, já utilizou-se de uma catástrofe ambiental para isso. Foi o caso de Louisiana nos EUA, onde após o furacão Katrina, a educação passou de pública para privada, com justificativas de dar conta da reconstrução.
As secretarias municipais e estadual de educação usam muitos mecanismos para reduzir investimentos na educação. Não é à toa que temos muitas escolas em condições precárias. Por isso, dizemos que, por mais alarmante que seja a condição que as enchentes deixaram as escolas, as mesmas já encontravam-se em situação de SOS.
Também é importante falar sobre as pressões aos diretores e professores, em tentativas de dividir a categoria. Fatos estes que são anteriores às enchentes e agora aumentam, pois como são poucos para darem conta de muitas tarefas, a superexploração será a tônica.
Não há uma saída fácil além da auto-organização da escola, famílias e sociedade para enfrentar este desmonte da educação. Os governos seguem seus compromissos com os bilionários. O governador Eduardo Leite (PSDB) e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), querem uma reconstrução a serviço de mais acumulação capitalista, mais privatizações. E o presidente Lula (PT), por seu turno, não adota nenhuma medida que se contraponha à mercantilização da educação, mantém as reformas empresariais (como a do Ensino médio) e os superlucros no setor privado.
O PSTU aponta a necessidade da total independência da classe trabalhadora em sua luta por uma reconstrução urgente a serviço dos mais pobres, que foram os mais prejudicados pelas enchentes. Só a luta pode impor a urgência necessária à comunidade escolar que segue sem aulas. E, ainda mais fundamental, defendemos a luta por uma sociedade socialista que enfrente e exproprie o grande capital para uma solução definitiva das mazelas impostas pelo capitalismo decadente.
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